sexta-feira, 25 de maio de 2012

O OUTRO LADO DA MOEDA: UMA VERSÃO MASCULINA! - Por Guimel Mem

Nós geralmente nos compadecemos das mulheres quando têm seus intentos e experiências românticas frustradas por homens insensíveis, pouco inteligentes ou absolutamente "sem noção". Não obstante, gostaria de relatar-lhes o outro lado da moeda.
Todos devem estar se perguntando qual a razão para tamanho acinte ao politicamente correto, já que apreciar histórias estereotipadas é geralmente mais divertido. Mas vamos que vamos! Encontros românticos devem ocorrer entre no mínimo duas pessoas, salvo gostos mais extravagantes, o que não é o caso. A história é entre uma turista de origem russa, chamada Olga, e eu! Não que me lembre de seu nome verdadeiro, mas como ela é russa e acho que tem cara de Olga, decidi chamá-la dessa maneira.
Um tempo atrás, eu estive em Nova York e, como toda pessoa da classe Y, não resisti a uma liquidação e comprei um blazer muito bonito, o qual me deu ares de pessoa mais importante do que eu realmente era. Classe Y? O que é isso? Vocês certamente estarão perguntando-se . O certo é classe C. Classe C, viu?? Por que classe Y? Bem, é que como dizem que houve um avanço sócio-econômico no Brasil, penso que o certo seja classe Y, já que é a letra imediatamente anterior à letra Z. Depois, claro, da reforma ortográfica! Bem, como nossos políticos e a maioria do pessoal da mídia ignoram muitas coisas, estou certo de que ignoram também o alfabeto português. Eles dizem classe C porque só sabem soletrar até esta letra; se soubessem soletrar todo o alfabeto, certamente, nós humildes trabalhadores, portadores do passaporte verde, embora atualmente travestido de azul, seríamos cotados como sendo membros da classe Y.
Passado certo tempo após retornar a Israel, vesti meu lindo blazer e embarquei em um avião da Lufthansa, saindo de Tel-Aviv (não, Tel-Aviv não quer dizer televisão ao vivo) com destino à Frankfurt, na Alemanha. Meu destino final era o Rio de Janeiro. Ah que bonito o RJ‼
Como qualquer homem normal, e principalmente, Sul Americano, fiquei torcendo para que uma mulher bonita e solteira se sentasse a meu lado. Bingo! Às vezes a sorte está do nosso lado e o mundo conspira a nosso favor!
Ela era solteira, muito comunicativa e sorridente e … bem, na verdade, não tão bonita assim … mas considerando que teríamos um vôo de aproximadamente cinco horas, achei por bem relevar este detalhe. Ah… a monotonia de viajar fechado em um avião ficara para trás!
Olga e eu nos divertíamos falando um pouco em hebraico, um pouco em russo e na maior parte do tempo em inglês. Pois é… eu aprendi algumas palavras e frases em russo; tive até duas namoradinhas russas, afinal de contas, há cerca de um milhão de russos em Israel e quem gosta de pratos internacionais, certamente fica tentado em experimentar a famosa carne russa! Então, a melhor maneira para conquistar esse cardápio é aprender um pouco do idioma. Sabe como é, não custa nada tentar agradar as mulheres e falar em seu próprio idioma, não é mesmo?
Entre um refrigerante e outro, Olga me contava que estava indo para os EUA e que havia pegado aquela conexão pela Alemanha. Eu lhe disse que estava indo visitar minha família e ver
se conseguia melhores oportunidades profissionais em solo Brasileiro, já que ninguém é de ferro, não é?
Quando estávamos prestes a aterrissar, trocamos endereços. Olga me passou seu endereço em Tel-Aviv e eu lhe passei o endereço de minha família no Brasil, já que intencionava ficar pelo menos três meses por aqui. Já Olga ficaria um tempo indeterminado em Nova York, tudo dependia de quão bem sucedida ela seria em arranjar trabalho por lá.
Pois bem, passado o tempo previsto, retornei a Israel e fui morar e trabalhar em um kibutz perto de Jerusalém. Passados cerca de dois meses que eu havia retornado a Israel, recebo uma carta de minha mãe e dentro desta carta havia um envelope com outra carta. O que seria? Um convite para alguma festa? Será que eu havia esquecido de algum documento importante? Ou seria um joguinho de montar? Não, não tinha mais idade para isso, então abri o envelope! Sim‼ Olga havia me escrito dos EUA e endereçado a carta à casa de minha família. Nesta carta ela mencionava nosso aprazível vôo e dizia que retornaria a Israel em breve; que estaria em sua casa em Tel-Aviv e que se eu já tivesse retornado que ligasse para ela!
Conforme lhes contei, nessa época eu estava morando naquele kibutz e trabalhando na fábrica de pára-brisas à prova de balas. Alguém aqui já trabalhou em chão de fábrica? É duro, não? Aborrecido e exaustivo! Mas o que isso importava? Em breve eu estaria me divertindo com as histórias de Olga, e muito provavelmente degustando do cardápio russo, se é que me entendem…
Nessa época o uso de celulares era muito raro, e somente poucas pessoas faziam uso desse aparelho. Não era meu caso. Nem o de Olga! Mas dizem que quem tem boca vai a Roma, eu não queria ir a Roma, queria apenas ligar para Olga. Foi o que fiz! Pois, conversa vai, conversa vem, ela aceitou meu convite e veio visitar-me na sexta-feira.
Priviêt, Olga! Oi, Olga, em russo! Nos cumprimentamos e em seguida fomos para meu quarto para deixarmos sua mochila e para ela tomar um banho antes de irmos ao refeitório do kibutz para jantarmos. Refeitório? Sim, refeitório! Ou vocês pensam que estávamos em São Paulo, para irmos a um restaurante, hein?
Voltamos para o quarto e conversa vai, conversa vem, de repente, não mais do que de repente, já estávamos em uma confraternização intercultural! Devo confessar que minhas papilas gustativas esperavam mais daquele manjar russo, mas não me queixo não, afinal de contas, não seria educado! Ficamos juntos até sábado à noite e após, ela retornou à Tel-Aviv.
Eu trabalhava o dia inteiro na fábrica e como lhes disse, não tinha celular e tampouco telefone em meu quarto.
Então no domingo (em Israel domingo é dia útil), Olga telefonou para mim na fábrica. Vejam que engraçado: os telefonemas eram avisados por um sistema de alto falantes, diretamente da administração da fábrica...: GUIMEL, GUIMEL, TELEFONE‼! Sim, super discreto! Priviet Olga! Oi Olga! Tudo bem? … Ok, falamos semana que vem então! Paká! Tchau em russo! Ah eu sempre gentil…
Na segunda ela ligou de novo; uma vez… duas vezes… três vezes, porra! Então lhe pedi que não ligasse mais para a fabrica, já que não podia ser constantemente interrompido em meu trabalho, que isso não era bom para mim, que já estavam reclamando etc.
Terça -feira ela ligou de novo; uma vez… duas vezes… três vezes… Acho que naquela altura meu gerente já pensava em me transferir para o setor de telefonia… mesmo que esse setor ainda não existisse e talvez ficasse fora da fábrica… fora do Kibutz, talvez inclusive fora do país…
Assim que, conforme disse anteriormente que quem tem boca vai a Roma, fiz uso da minha e lhe disse gentilmente, que era muito ocupado e que naquele momento não queria namorar ninguém, meu foco era outro etc. Que ela, por favor, não me ligasse mais‼!
Vocês acham que fui insensível? Quem sabe, precipitado? Descortês? Não se preocupem, já que duas semanas após, ela apareceu no kibutz em uma sexta-feira, sem ser convidada e naturalmente, sem avisar.
Como eu não estava no quarto, estava na fábrica, claro! Mas minha vizinha, uma moça muito simpática, voluntária da Alemanha, recebeu Olga e convidou-a a ficar em seu quarto até que eu chegasse… Após dizer à minha vizinha que eu não tinha nada com isso e que não a receberia, não restou a simpática alemãzinha a gentileza de convidar Olga a dormir em sua habitação, já que era sexta-feira à noite e nesse dia, por ser Shabat, não tem transporte público… Olga ficou amiga de minha vizinha e me parece que, voltou uma vez mais a visitar o kibutz…
Pensem, portanto, duas vezes antes de se atirarem em uma liquidação e comprar um lindo blazer, e acreditem: não tem nada de mais em fazer uma viagenzinha de cinco horas, fechados em um avião, sem nada para fazer, ficando de bico fechado!
Mas se vocês não concordam comigo, chamem a Olga‼! Paká‼

3 comentários:

  1. Muito bom Guimel!!! hahahaha
    O Véio do Rio também me ligava o tempo todo, mais ainda depois que eu falei que não gostava de falar ao telefone! Sensibilidade bateu ali e voltou, igual carrinho de batida em parquinho de diversão! rsrsrs

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  2. sinceramente eu ñ entende nada,mais tudo bem né!

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