terça-feira, 1 de julho de 2014

BLIND DATES PRA QUE? – UM APANHADO GERAL

Interessante como as idéias são fugazes. Pensamos e em 10 minutos... esquecemos! Muito normal, se não fosse por uma série de acontecimentos que me obrigam a lembrar disto o tempo todo.

Ultimamente tenho retornado ao tema recorrente dos blind dates. Pois é. Apaguei o meu perfil do site de relacionamentos virtuais há muito tempo, mas não consegui escapar desta modalidade de encontro, visto que sou solteira e as pessoas vivem querendo me apresentar alguém. E eu fico continuamente me perguntando: pra que???

Eu concordo que tenho um dedo podríssimo para fazer minhas escolhas pessoais, mas os blind dates são e acho que de forma imbatível, as melhores fontes de textos que tenho à minha disposição.
É divertido mas... é sempre igual! Para começar, a personalidade dos caras. Nessas alturas dos acontecimentos são na grande maioria caras separados, com filhos, sem filhos, há várias modalidades.

A gente sai, coloca a nossa melhor roupinha e aí vem o cara, geralmente meia idade, meio fora de forma, muito perfumado e poucas vezes arrumado porque homem sozinho, temos de convir, é uma desgraça. Sempre tem alguma peça na vestimenta que não combina. E sim, são caras 10 ou 15 anos mais velhos que eu porque os da minha idade ainda tem o sonho de pegar uma garotinha entre 20 e 30 anos. Estes só vão sair com a gente quando fizerem uns 50 anos. E aí também não vai dar certo porque a idade mental deles não vai acompanhar a longevidade... parece até uma profecia, mas é a pura realidade.

Então tá, saímos.

As conversas também são sempre as mesmas... giram em torno do “porque você nunca se casou” para o meu lado, e “por que a sua vida merdou” para o lado deles. Também há o momento da típica demonstração de ignorância (sempre acontece!), onde eles não fazem questão de saber o que você sabe mas eles não conhecem. Porque macho que é macho tem que saber tudo né?!! O que eles não sabem não é importante!!

Bom, após horas conversando combinamos ou não de sair de novo. Geralmente sim. 
Na maioria das vezes o cara se mostra terrivelmente ocupado, muito trabalho e reuniões importantíssimas inadiáveis, com horários parcos, mas com muita vontade de agendar um novo encontro, que geralmente marca na agenda para dali uns 10 dias, para não esquecer! Eles acham que isso faz com que pensemos: olha que cara ocupado, trabalhador, mas ele quer me ver! que legal que legal que legal!

Sinto ter de ser eu a revelar a realidade, mas meninas, não é nada disso! Quando o cara prega tachinha na maionese, é um típico, mas tipiquíssimo sinal de que ele é apenas mais um colecionador. E agora chegamos realmente ao ponto: o colecionador!
Ah, o colecionador... a definição mais apropriada seria a de um cara que obviamente: não está saindo só com você! O tiozão está botando pra quebrar! Pegando todaaaaaaasssssss!! Por isso a falta de horários, o semblante “gostei de você mas já tinha compromissos agendados antes de te conhecer”. Véio, isso é ser sem vergonha! Não quero de jeito nenhum rogar praga, mas tomara que morra de viagra. Pronto falei!

Não tem nada pior do que a pessoa fazer você gastar o seu tempo. É quase um crime! Acho que gastar tempo é muito pior do que gastar qualquer outra coisa.
Pensa bem, você está em casa, fazendo o que gosta mais que é FICAR em casa! Ler, ver televisão, brincar com os cachorros. No meu caso, eu trabalho todos os dias da semana, e chego em casa sempre muito cansada. Quase não consigo ter tempo para mim mesma. Às vezes trabalho também nos fins de semana. E quando estou na minha casa descansando considero que o meu tempo tem um valor incalculável.
Aí vem um blind date!
Quando topamos doar o nosso precioso tempo para “conhecer alguém”, esperamos que a outra pessoa também esteja fazendo o mesmo. Saindo só com você, para te conhecer e ver se rola alguma coisa. Mas não é isso que acontece. Os véio tão sempre colecionando, saindo com vááááááriaaaaaasssssss mina! Porque eles são os bons!!! E assim, vão continuando a sua busca eterna porque sem foco, nunca vai dar certo. Vão ser sempre uns carentes de merda, passando conversa nas meninas desavisadas.

Eu sei que uns véios vão ler este texto e pensar que escrevi exclusivamente para eles, mas não se dêem tanto valor! Isto é genérico, acontece o tempo todo. Assim como também existe o monopolizador telefônico virtual, o mentiroso (se bem que os colecionadores são bem mentirosos)...  O problema dos véios é que enquanto eles tão indo nós já fomos e voltamos 3 vezes. A gente continua topando blind dates acho que por pura curiosidade. É natural tentar encontrar companhia... O que não sabemos porém é que é muito melhor não ter de passar por isso! Mas a gente sempre pensa “quem sabe?” ou “vamos dar uma olhada nesse”... e o final é invariavelmente o mesmo.

Pra que??? Né???

quarta-feira, 2 de abril de 2014

A Loira, o Guimel, e a Morena... - por Guimel Mem e Anastácia

Agora que todos nós aparentemente nos conhecemos de longa data, excluindo o velho clichê onde de perto ninguém é normal e numa conversa com o nosso ego no espelho pode ser que façamos novas amizades... bom, como eu dizia, aproveitando o fato de que parece que nos conhecemos há séculos, vou adicionar mais uma história, muito peculiar!, que aconteceu com um amigo meu, o Guimel.

Lembrei dessa história porque encontrei por acaso com ele no jogo do Coringão, logo antes de ser preso na Bolívia (ELE PRESO, que fique bem claro!)... e entre um quebra-quebra aqui e uma cerveja gelada acolá, o Guimel já num grau alcoólico delicioso me contou de uma experiência virtual que teve em um desses sites de namoro de comunidades fechadas – judaicos, por exemplo!... (veja bem, não que eu queira especificar ou estereotipar, foi só um exemplo) - que como todos sabem, são bem interessantes… às vezes de um interesse deveras científico, quase psiquiátrico. O fato é que inevitavelmente estes sites rendem boas histórias.
E devemos aqui agradecer – eu e o Guimel – por estes pequenos domínios de pessoas interessantes existirem. Sem eles seria impossível a realização deste blog. Enfim...

... Pois não é que o dito cujo, sim o Guimel, estava bisbilhotando os perfis da mulherada, judias, chinesas, afegãs... eu disse que era uma comunidade fechada!, mulherada que buscava seu par romântico, cheias de amor para dar, e para receber também, à vista ou no crediário, com taxas de juros ínfimas e… quase que perco o foco!

O fato é que numa dessas navegadas virtuais, entre uma admirada e uma analisada mais detalhada, ele se depara com uma loiraça de olhos claros, aparentando 20 e poucos anos de idade… bonita, ele pensou… mas essa foto parece ser bem antiga… bom, mas é bonita… e entre uma olhada e uma analisada ele resolveu arriscar. Mandou uma mensagem para ela! Caso ela fosse uns dez anos mais velha que na foto e tivesse envelhecido com alguma dignidade, ele ainda saía no lucro, afinal ela era bem interessante, ponderou. Não custava arriscar.
Ele escreveu uma mensagem, ela respondeu… ele fazia alguns elogios e umas piadas, ela respondia na mesma moeda… nada mal para as primeiras abordagens, pensou. Mas para não dizer que não falei de flores, e que a vida é uma roleta em que apostamos tudo, o Guimel seguiu, para não trair o costume judaico, digo japonês, digo masculino, olhando os demais perfis do site. Pois de repente, não mais que de repente, surge uma morena! Essa não parecia ter a foto uns dez anos mais nova, e era também muito interessante! Que dia de sorte, ele pensou! Uma loira e uma morena. A porta do paraíso estava prestes a se abrir para ele!
O Guimel, corintiano roxo, incentivador ferrenho da construção com verbas governamentais do Itaquerão – vulgo Lonjão – sem qualquer interesse na super faturação da obra, ou nas demais benesses do dinheiro público, simplesmente por ser um paulistano da gema, criado e educado em Bagé, município gaúcho bem conhecido como terra de quem é macho barbaridade, resolveu escrever para a morena também! Mulher bonita, interessante, não se deve deixar passar em brancas nuvens, pensou.

Com a morena foi o mesmo sucesso que com a loira. Elogio para cá, piada para lá, tudo corria as mil maravilhas! Ele mal podia acreditar. É… o pobre do Guimel nunca havia tido tanta sorte assim. Imaginem: uma loira e uma morena, e as duas caindo na lábia dele, demonstrando interesse por ele! Ele já se imaginava em uma cena de bar na avenida São João, gabando-se para seus amigos intelectuais, principalmente o metalúrgico falsificado e o carioca travestido de baiano, ambos muito chegados em uma branquinha, da sua competência em agradar as mulheres, ainda que virtuais! Era alegria pura!

Certo dia ele inicia uma frenética troca de mensagens com a loira e, ao mesmo tempo, com a morena. Cabra macho é assim mesmo! A morena, moça da cidade grande, mas criada em uma fazenda de café no interior, era bem objetiva. Em um dado momento, ela o desafia a trocarem nomes para ver o perfil verdadeiro no Facebook, etc… Ela não tinha certeza então, se o tal do Facebook tinha chegado em Bagé, mas o desafiou assim mesmo, já que a transparência era moda nas fazendas do interior paulista.
O Guimel pode ser tudo, mas covarde, não é! Ele colocou o chimarrão de lado, deu a última mordida no pedaço de pizza que trouxera de sua terra natal, a Mooca, e mandou ver! Facebook!
A morena deu o nome dela, o Guimel o dele, e nesse meio tempo veio a revelação… tudo não passava de uma brincadeira entre a loira e a morena, se divertindo às custas dele!
Como assim, pensou? Ele mal tinha percebido que elas eram então irmãs e estavam se divertindo online… E se divertindo muito, diga-se de passagem! O Guimel como já havia cantado uma e outra, que eram bonitas, que isso, que aquilo, em um primeiro momento ficou envergonhado com a situação. Corintiano, gaúcho e puxador de escola de samba carioca, respeita muito o preceito bíblico de não "pegar" duas irmãs; ou pega uma, ou pega a outra… mesmo que virtualmente! Ele nunca foi fã daquela tal de lei do levirato – que porra de lei é essa mesmo? - que…, bom, deixa para lá, não tem nada a ver com a história!
O interessante dessa situação é que depois de tudo isso, a morena e o Guimel se deram conta que são pessoas com um ótimo senso de humor, e com um talento enorme para rir dos desastres de certas situações na vida. Eles ficaram bons amigos e hoje em dia, ambos participam em conjunto de uma ONG patrocinada pelo governo federal, que oferece bolsas para cotistas que queiram se aventurar na arte de escrever e de fazer rir…

Muita água rolou depois de tantas revelações. E justamente nesta época, passando situações e barbaridades indescritíveis nas tentativas de relacionamentos virtuais (nestes sites de comunidades nepalesas), os dois descobriram que há um prazer inigualável em coletar estas histórias.
Não existe nada mais dadaísta que investir num relacionamento virtual para depois se deleitar escrevendo sobre isso.
É uma experiência quase orgástica!