Lembrei dessa história porque encontrei por acaso com ele no jogo do
Coringão, logo antes de ser preso na Bolívia (ELE PRESO, que fique bem claro!)... e entre um quebra-quebra aqui e
uma cerveja gelada acolá, o Guimel já num grau alcoólico delicioso me contou de
uma experiência virtual que teve em um desses sites de namoro de comunidades
fechadas – judaicos, por exemplo!... (veja bem, não que eu queira especificar
ou estereotipar, foi só um exemplo) - que como todos sabem, são bem
interessantes… às vezes de um interesse deveras científico, quase psiquiátrico.
O fato é que inevitavelmente estes sites rendem boas histórias.
E devemos aqui agradecer – eu e o Guimel – por estes pequenos domínios
de pessoas interessantes existirem. Sem eles seria impossível a realização
deste blog. Enfim...
... Pois não é que o dito cujo, sim o Guimel, estava bisbilhotando os
perfis da mulherada, judias, chinesas, afegãs... eu disse que era uma
comunidade fechada!, mulherada que buscava seu par romântico, cheias de amor
para dar, e para receber também, à vista ou no crediário, com taxas de juros
ínfimas e… quase que perco o foco!
O fato é que numa dessas navegadas virtuais, entre uma admirada e uma
analisada mais detalhada, ele se depara com uma loiraça de olhos claros,
aparentando 20 e poucos anos de idade… bonita, ele pensou… mas essa foto parece ser bem antiga… bom, mas é bonita… e entre uma olhada e uma
analisada ele resolveu arriscar. Mandou uma mensagem para ela! Caso ela fosse
uns dez anos mais velha que na foto e tivesse envelhecido com alguma dignidade,
ele ainda saía no lucro, afinal ela era bem interessante, ponderou. Não custava
arriscar.
Ele escreveu uma mensagem, ela respondeu… ele fazia alguns elogios e
umas piadas, ela respondia na mesma moeda… nada mal para as primeiras abordagens,
pensou. Mas para não dizer que não falei de flores, e que a vida é uma roleta
em que apostamos tudo, o Guimel seguiu, para não trair o costume judaico, digo
japonês, digo masculino, olhando os demais perfis do site. Pois de repente, não
mais que de repente, surge uma morena! Essa não parecia ter a foto uns dez anos
mais nova, e era também muito interessante! Que dia de sorte, ele pensou! Uma
loira e uma morena. A porta do paraíso estava prestes a se abrir para ele!
O Guimel, corintiano roxo, incentivador ferrenho da construção com
verbas governamentais do Itaquerão – vulgo Lonjão – sem qualquer interesse na
super faturação da obra, ou nas demais benesses do dinheiro público,
simplesmente por ser um paulistano da gema, criado e educado em Bagé, município
gaúcho bem conhecido como terra de quem é macho barbaridade, resolveu escrever
para a morena também! Mulher bonita, interessante, não se deve deixar passar em
brancas nuvens, pensou.
Com a morena foi o mesmo sucesso que com a loira. Elogio para cá, piada
para lá, tudo corria as mil maravilhas! Ele mal podia acreditar. É… o pobre do
Guimel nunca havia tido tanta sorte assim. Imaginem: uma loira e uma morena, e
as duas caindo na lábia dele, demonstrando interesse por ele! Ele já se
imaginava em uma cena de bar na avenida São João, gabando-se para seus amigos
intelectuais, principalmente o metalúrgico falsificado e o carioca travestido
de baiano, ambos muito chegados em uma branquinha, da sua competência em
agradar as mulheres, ainda que virtuais! Era alegria pura!
Certo dia ele inicia uma frenética troca de mensagens com a loira e, ao mesmo tempo, com a
morena. Cabra macho é assim mesmo! A morena, moça da cidade grande, mas criada
em uma fazenda de café no interior, era bem objetiva. Em um dado momento, ela o
desafia a trocarem nomes para ver o perfil verdadeiro no Facebook, etc… Ela não
tinha certeza então, se o tal do Facebook tinha chegado em Bagé, mas o desafiou
assim mesmo, já que a transparência era moda nas fazendas do interior paulista.
O Guimel pode ser tudo, mas covarde, não é! Ele colocou o chimarrão de
lado, deu a última mordida no pedaço de pizza que trouxera de sua terra natal,
a Mooca, e mandou ver! Facebook!
A morena deu o nome dela, o Guimel o dele, e nesse meio tempo veio a
revelação… tudo não passava de uma brincadeira entre a loira e a morena, se
divertindo às custas dele!
Como assim, pensou? Ele mal tinha percebido que elas eram então irmãs e estavam se divertindo
online… E se divertindo muito, diga-se de passagem! O Guimel como já havia cantado uma e outra, que eram bonitas, que isso,
que aquilo, em um primeiro momento ficou envergonhado com a situação.
Corintiano, gaúcho e puxador de escola de samba carioca, respeita muito o
preceito bíblico de não "pegar" duas irmãs; ou pega uma, ou pega a
outra… mesmo que virtualmente! Ele nunca foi fã daquela tal de lei do levirato
– que porra de lei é essa mesmo? - que…, bom, deixa para lá, não tem nada a ver
com a história!
O interessante dessa situação é que depois de tudo isso, a morena e o
Guimel se deram conta que são pessoas com um ótimo senso de humor, e com um
talento enorme para rir dos desastres de certas situações na vida. Eles ficaram
bons amigos e hoje em dia, ambos participam em conjunto de uma ONG patrocinada
pelo governo federal, que oferece bolsas para cotistas que queiram se aventurar
na arte de escrever e de fazer rir…
Muita água rolou depois de tantas revelações. E justamente nesta época,
passando situações e barbaridades indescritíveis nas tentativas de
relacionamentos virtuais (nestes sites de comunidades nepalesas), os dois
descobriram que há um prazer inigualável em coletar estas histórias.
Não existe nada mais dadaísta que investir num relacionamento virtual
para depois se deleitar escrevendo sobre isso.
É uma experiência quase orgástica!