domingo, 23 de outubro de 2016

MEL

Mel era seu nome.
Um garoto doce como o demônio. Um gentleman.
A primeira vez que nos vimos, ele foi muito educado, como há muito tempo eu não percebia uma pessoa assim. Especial.
Mel não era de falar muito. Na grande maioria das vezes apenas escutava as conversas e se ria muito das coisas engraçadas que minha família soltava hemorragicamente.
Mas se ria de uma maneira engraçada, sacudindo o corpo todo, com sua cabeça balançando no sentido vertical, como aqueles cachorrinhos de mentira que os taxistas colocam no carro junto ao painel, com a cabeça solta que se movimenta ao balançar do veículo. Ele ria assim.
Às vezes também se ria descompassado, fora de hora, antes do desfecho da situação, assim como que para agradar... achávamos estranho, mas atribuíamos à grande pressão que era enfrentar uma família como a nossa, ácida e sarcástica. E ele tão bonzinho... fingíamos que a risada vinha na hora certa e ríamos também com sorrisos amarelos para acompanhar. Afinal de contas não é interessante deixar ninguém sem graça na nossa própria casa, ainda por cima um rapaz tão direito, que só quer ficar junto da gente, assim como a mariposa de ontem em cima da TV. Deixamos ela lá e respeitamos a sua vontade e a sua companhia, muito embora ela tenha perdido o seguimento da novela.
Bom, ele ria... e ria com muito mais sacode se no meio das frases a gente salpicasse referências picantes. Para ele a palavra sexo era extremamente gozada - se me permitem o trocadilho. A coisa podia não ter graça nenhuma, mas se tivesse sacanagem ele ria de um modo romanesco, e se sacudia até lhe faltar o ar. Aí vocês vão me desculpar, mas não dava pra acompanhar. Apenas ficávamos olhando e esperando a crise semi-convulsiva terminar. Num estado pós-comicial nem dava para conversar com Mel, de tão empolgado que ficava com as palavras cú, sexo, trepada, etc. Era quase tão bom para ele quanto comer chocolate.
Mel dizia que queria ser parte de nossa família. Se agarrou na possibilidade de então convencer a minha irmã de que ele era um porra de um homem bacana.
Não era. Mas isso vou explicando conforme evolução textual.
Como falei anteriormente, Mel fazia de tudo para se entrosar na família. Muito embora não conseguíssemos digerir Mel, ele acabou convencendo a minha irmã e minha mãe e com o tempo até eu o tolerava.
É certo que não tínhamos muito assunto com Mel. A conversa não fluía. Ele não era conhecedor exímio e nem superficial de nada. Nunca tinha assistido a um balé, vejam só. Não conhecia música nenhuma, só as da moda, e não era inteirado de absolutamente nada. Não tínhamos nada em comum. Mas quando ele estava presente era só soltar um "buceta" sem contexto mesmo, que Mel já se sentia em casa. Relaxava e ria como ninguém, com fáscies debilóide. Mas atribuíamos tudo isso ao seu estilo simplório, apesar de ter sido educado com pompa e circunstância, nas melhores escolas.
Como pode um cara que teve condições, chegar à sua meia idade na mais completa ignorância? Para mim isto era teoricamente impossível, alguma coisa o cara tinha que ter aprendido... mas quando conheci Mel, vi que o tolo acha o seu caminho entre as florestas desertas do seu cérebro desprovido de neurônios.
E Mel foi se infiltrando na nossa família. Eu, minha irmã e meu pai sempre nos referíamos a ele em particular como o Mel (de Melda). Mas acabamos tolerando o sujeito. Quando nos reuníamos em família sentávamos longe dele para não ter que travar nenhuma conversação ignorante. Ele não sabia nada de nada. E o pior é que Mel tinha dinheiro, gostava de se tratar bem, frequentava bons restaurantes, ia ao cinema, teatro, mas não entendia nem as comidas e nem o contexto da sua própria vida. Pois é... Deus dá asas para cobra. E a cobra era dotada de um analfabetismo funcional sem precedentes.
Os meses se passaram e Mel foi conquistando a confiança de todos. Que fique bem claro que confiança não tem nada a ver com respeito.
Quando fez 1 ano de namoro, sempre tratando muito bem a minha irmã, ele veio com uma conversa de casamento.
Mel já fora casado. Tinha uma ex-mulher que metera-lha um belo par de chifres. Saía para fazer jogging completamente maquiada e de longo, comportamento que repetiu exaustivamente até Mel perceber que alguma coisa estava errada... afinal de contas não se corre de salto alto. Ele demorou uns meses, mas flagrou. E toda a sua raiva o fazia bufar, assim como meu cachorro faz quando está feliz...
Separaram. Da pior forma, com um acerto de pensão bilhardária para a ex-mulher, a dos cornos, e os dois filhos. O pior é que era uma garota de boa família e ninguém na comunidade entendeu o por quê de tanta traição. Foi estranho. E mesmo após a pensão fantástica e a traição e o fato de os dois pombinhos só se falarem através de advogados, Mel eternamente continuou se referindo a sua ex-mulher como a "mamãe". Estranho né? Porque se fosse comigo eu ia falar, aquela mulher, ou chamá-la pelo nome, ou me referir a ela, para os filhos, como a vagaranha da sua mãe! E pior, após uns 6 meses de toda a traição, a mulher já estava casada com o amante, quando Mel tentou desesperadamente voltar para ela, para a mamãe. Cada um tem os seus motivos... não vou comentar, mas que foi estranho foi. A mamãe.
O fato é que Mel tentou casar com a minha irmã. Foram ver o rabino, avisaram para a família, comemoramos com alegria por cerca de 2 semanas e aí... Mel esqueceu! Não falou mais no assunto. É certo que minha irmã nunca escondeu de Mel que gostaria de ter sua própria família... e Mel sempre foi entusiasta do casamento, de refazer sua vida, ou pelo menos era isso que ele alardeava.
Alguns meses mais se passaram... Mel até tentou me apresentar para dois de seus amigos solteiros. Um com problemas mentais e o outro melhor nem comentar. Bom, o outro- não me aguento - era um véi sem vergonha, que praticamente babava, e com 50 e poucos anos se comportava como um adolescente com problemas na estrutura elétrica da sua rede de neurônios. Existe aquele ditado do diga-me com quem andas e blá blá blá... relevamos. Não devíamos ter ignorado.
Quando fizeram um ano e meio de namoro, Mel se lembrou de que queria casar com minha irmã. De novo, reuniu toda nossa família, fez o pedido para meu pai e comemoramos com a maior alegria. Apesar de toda a sua deficiência mental, Mel tratava bem a minha irmã que de certa forma orientava o relacionamento da forma mais saudável possível. Ele parecia semi-normal. E ela estava feliz.
Concordamos todos que seria bacana para ambos.
Marcaram com o rabino.
O rabino que não é idiota, foi logo falando que o tempo dele era precioso e se fosse alarme falso como o de 6 meses atrás, ele ia ficar muito puto da vida. Mel jurou que desta vez era muito sério.
Entraram com a documentação e marcaram a data.
E em algumas semanas Mel surtou.
Inicialmente Mel nos contou que estava enfrentando problemas no trabalho, que a vida estava difícil e que ele estava muito deprimido...
Meu pai, preocupado com o futuro genro, chamou-o para uma conversa, deixando bem claro que agora éramos da mesma família, e que estávamos juntos nessa jornada, para o que der e vier.
Mel não tinha nenhum pudor em dispor do tempo das pessoas. Ouviu meu pai, ligou para mim, pedindo referências de psiquiatras para cuidar de sua loucura... e um belo dia foi dormir na casa da sua mamãe. Da mãe dele mesmo.
E sumiu.
Minha irmã ficou desesperada pois gostava de Mel e queria muito lhe ajudar.
Mas Mel não dava notícias. Sua mamãe também não ajudava na comunicação nem sua irmã, nem o resto da porra da sua família. Minha irmã até perguntou se ele já havia tido crises semelhantes anteriormente, mas a família negava de pé junto que não, que era a primeiríssima vez.
Até que dois dias após sua internação na mamãe, Mel inicia a sua exclusão de pessoas no seu Facebook, iniciando advinha por quem? Isso!! Pela minha irmã!! A sua noiva!!
Véi, você não precisa casar se não quiser, mas quando você faz 50 nos e pede alguém em casamento, o mínimo que se espera quando você desiste, é que você seja HOMEM e tenha atitudes adultas. Excluir do Facebook véi??? Isso é adulto véi??? Tenha santa paciência!
Quado ficamos sabendo disso, eu não aguentei e liguei pro véi doido. Afinal de contas ele havia me ligado para pegar referências de psiquiatras e eu me senti completamente a vontade para ligar de volta e ver se a maluquice havia apresentado alguma melhora.
Então liguei. Conversa vai e conversa vem, ele com a voz meio enrolada me diz que está melhor, tomando remédios fortíssimos. E quando eu falei que ele havia excluído a sua noiva do Facebook ele me disse que fora um erro do sistema, completamente acidental. Difícil de acreditar, mas fui levando. Lá pelas tantas, perguntei se ele havia falado com a minha irmã que estava preocupadíssima com a sua doença... e ele me responde que não falava com ela há 2 dias.
Fiquei surpresa e perguntei se estava tudo bem entre eles, se o casamento estava de pé, e ele me respondeu simplesmente que "sabe o que é... é que eu dei uma 'piradinha'... e não sei se eu quero mais casar".
Véi, ele falou isso pra mim! Antes de falar pra ela!!
Olha eu sou calma até certo ponto, mas não gosto de putaria com a minha família.
No que eu ouvi que ele deu uma "PIRADINHA", imediatamente eu respondi: piradinha o seu cú! Você tem 60 segundos desligando o telefone de mim, para ligar pra minha irmã e conversar com ela, seu piradinho de merda.
Aí ele ligou e terminou com ela POR TELEFONE!! Um senhorzinho de 50 anos, terminando um noivado por telefone!
Aí ligou pra mim e disse que meu telefonema foi muito ruim para ele e que ele se sentiu pressionado a terminar e que não queria terminar... uma logorréia sem fim. Aí tive que novamente dizer ao piradinho de merda que não mandei ele terminar, mas sim conversar. No que ele liga de novo pra minha irmã e desdiz tudo. E mais a noite liga de novo e reafirma que quer mesmo terminar.
Agora eu pergunto: dá pra respeitar um porra desses?
Descobrimos alguns meses depois que esse Melda sempre foi um Melda. Que tem crises depressivas com frequência, que trabalha administrando lojinhas que o pai montou para ele, que nunca conseguiu nada por esforço próprio, que é um eterno dependente do pai rico que inclusive paga a tal da pensão trilhardária para a "mamãe", sua ex-mulher, aquela dos cornos.
A ex-mulher também utiliza os seus trabalhos de manobrista e caroneiro fazendo-o conduzir seus filhos quer seja dia dele de ficar com os meninos quer não.
Diga-se de passagem que mamãe casou com o amante, o qual é casada até hoje, e tem 2 filhos pequenos com ele, além de ter educado com excelência os dois filhos de Mel que são ótimos alunos, inteligentes, educados e cultos, em nada lembrando o comportamento rotineiro de Mel nem a sua falta de bagagem cultural.
Chegamos a conclusão de que mamãe deve ser uma ótima pessoa.
E Mel continua sumido.
Os poucos pertences que minha irmã havia deixado em sua casa ele devolveu amarfanhados, em péssimas condições. Parece que com raiva, Mel amassou tudo e devolveu na portaria do prédio de nossa outra irmã. Agora eu pergunto: raiva de que? Com que direito Mel sente raiva?
Mel ainda tentou um recomeço. Queria recomeçar "beeemmm devagarinho". Minha irmã, que estava com a alma em pedaços até concordou... aí Mel ligou para ela por 3 dias seguidos e nunca mais apareceu. Deve fazer parte do recomeço "beeemmmm devagarinho" dele.
Mel é doido. E escrevo este texto para lembrar do quanto estamos sujeitos a conhecer e confiar em gente maluca.
Para nos protegermos fizemos um voodoo de Mel. Está na casa da minha outra irmã, no hall de entrada. E sempre vamos lá damos mais uma apertadinha na corda que Mel usa em torno do pescoço.
Só para garantir.

terça-feira, 1 de julho de 2014

BLIND DATES PRA QUE? – UM APANHADO GERAL

Interessante como as idéias são fugazes. Pensamos e em 10 minutos... esquecemos! Muito normal, se não fosse por uma série de acontecimentos que me obrigam a lembrar disto o tempo todo.

Ultimamente tenho retornado ao tema recorrente dos blind dates. Pois é. Apaguei o meu perfil do site de relacionamentos virtuais há muito tempo, mas não consegui escapar desta modalidade de encontro, visto que sou solteira e as pessoas vivem querendo me apresentar alguém. E eu fico continuamente me perguntando: pra que???

Eu concordo que tenho um dedo podríssimo para fazer minhas escolhas pessoais, mas os blind dates são e acho que de forma imbatível, as melhores fontes de textos que tenho à minha disposição.
É divertido mas... é sempre igual! Para começar, a personalidade dos caras. Nessas alturas dos acontecimentos são na grande maioria caras separados, com filhos, sem filhos, há várias modalidades.

A gente sai, coloca a nossa melhor roupinha e aí vem o cara, geralmente meia idade, meio fora de forma, muito perfumado e poucas vezes arrumado porque homem sozinho, temos de convir, é uma desgraça. Sempre tem alguma peça na vestimenta que não combina. E sim, são caras 10 ou 15 anos mais velhos que eu porque os da minha idade ainda tem o sonho de pegar uma garotinha entre 20 e 30 anos. Estes só vão sair com a gente quando fizerem uns 50 anos. E aí também não vai dar certo porque a idade mental deles não vai acompanhar a longevidade... parece até uma profecia, mas é a pura realidade.

Então tá, saímos.

As conversas também são sempre as mesmas... giram em torno do “porque você nunca se casou” para o meu lado, e “por que a sua vida merdou” para o lado deles. Também há o momento da típica demonstração de ignorância (sempre acontece!), onde eles não fazem questão de saber o que você sabe mas eles não conhecem. Porque macho que é macho tem que saber tudo né?!! O que eles não sabem não é importante!!

Bom, após horas conversando combinamos ou não de sair de novo. Geralmente sim. 
Na maioria das vezes o cara se mostra terrivelmente ocupado, muito trabalho e reuniões importantíssimas inadiáveis, com horários parcos, mas com muita vontade de agendar um novo encontro, que geralmente marca na agenda para dali uns 10 dias, para não esquecer! Eles acham que isso faz com que pensemos: olha que cara ocupado, trabalhador, mas ele quer me ver! que legal que legal que legal!

Sinto ter de ser eu a revelar a realidade, mas meninas, não é nada disso! Quando o cara prega tachinha na maionese, é um típico, mas tipiquíssimo sinal de que ele é apenas mais um colecionador. E agora chegamos realmente ao ponto: o colecionador!
Ah, o colecionador... a definição mais apropriada seria a de um cara que obviamente: não está saindo só com você! O tiozão está botando pra quebrar! Pegando todaaaaaaasssssss!! Por isso a falta de horários, o semblante “gostei de você mas já tinha compromissos agendados antes de te conhecer”. Véio, isso é ser sem vergonha! Não quero de jeito nenhum rogar praga, mas tomara que morra de viagra. Pronto falei!

Não tem nada pior do que a pessoa fazer você gastar o seu tempo. É quase um crime! Acho que gastar tempo é muito pior do que gastar qualquer outra coisa.
Pensa bem, você está em casa, fazendo o que gosta mais que é FICAR em casa! Ler, ver televisão, brincar com os cachorros. No meu caso, eu trabalho todos os dias da semana, e chego em casa sempre muito cansada. Quase não consigo ter tempo para mim mesma. Às vezes trabalho também nos fins de semana. E quando estou na minha casa descansando considero que o meu tempo tem um valor incalculável.
Aí vem um blind date!
Quando topamos doar o nosso precioso tempo para “conhecer alguém”, esperamos que a outra pessoa também esteja fazendo o mesmo. Saindo só com você, para te conhecer e ver se rola alguma coisa. Mas não é isso que acontece. Os véio tão sempre colecionando, saindo com vááááááriaaaaaasssssss mina! Porque eles são os bons!!! E assim, vão continuando a sua busca eterna porque sem foco, nunca vai dar certo. Vão ser sempre uns carentes de merda, passando conversa nas meninas desavisadas.

Eu sei que uns véios vão ler este texto e pensar que escrevi exclusivamente para eles, mas não se dêem tanto valor! Isto é genérico, acontece o tempo todo. Assim como também existe o monopolizador telefônico virtual, o mentiroso (se bem que os colecionadores são bem mentirosos)...  O problema dos véios é que enquanto eles tão indo nós já fomos e voltamos 3 vezes. A gente continua topando blind dates acho que por pura curiosidade. É natural tentar encontrar companhia... O que não sabemos porém é que é muito melhor não ter de passar por isso! Mas a gente sempre pensa “quem sabe?” ou “vamos dar uma olhada nesse”... e o final é invariavelmente o mesmo.

Pra que??? Né???

quarta-feira, 2 de abril de 2014

A Loira, o Guimel, e a Morena... - por Guimel Mem e Anastácia

Agora que todos nós aparentemente nos conhecemos de longa data, excluindo o velho clichê onde de perto ninguém é normal e numa conversa com o nosso ego no espelho pode ser que façamos novas amizades... bom, como eu dizia, aproveitando o fato de que parece que nos conhecemos há séculos, vou adicionar mais uma história, muito peculiar!, que aconteceu com um amigo meu, o Guimel.

Lembrei dessa história porque encontrei por acaso com ele no jogo do Coringão, logo antes de ser preso na Bolívia (ELE PRESO, que fique bem claro!)... e entre um quebra-quebra aqui e uma cerveja gelada acolá, o Guimel já num grau alcoólico delicioso me contou de uma experiência virtual que teve em um desses sites de namoro de comunidades fechadas – judaicos, por exemplo!... (veja bem, não que eu queira especificar ou estereotipar, foi só um exemplo) - que como todos sabem, são bem interessantes… às vezes de um interesse deveras científico, quase psiquiátrico. O fato é que inevitavelmente estes sites rendem boas histórias.
E devemos aqui agradecer – eu e o Guimel – por estes pequenos domínios de pessoas interessantes existirem. Sem eles seria impossível a realização deste blog. Enfim...

... Pois não é que o dito cujo, sim o Guimel, estava bisbilhotando os perfis da mulherada, judias, chinesas, afegãs... eu disse que era uma comunidade fechada!, mulherada que buscava seu par romântico, cheias de amor para dar, e para receber também, à vista ou no crediário, com taxas de juros ínfimas e… quase que perco o foco!

O fato é que numa dessas navegadas virtuais, entre uma admirada e uma analisada mais detalhada, ele se depara com uma loiraça de olhos claros, aparentando 20 e poucos anos de idade… bonita, ele pensou… mas essa foto parece ser bem antiga… bom, mas é bonita… e entre uma olhada e uma analisada ele resolveu arriscar. Mandou uma mensagem para ela! Caso ela fosse uns dez anos mais velha que na foto e tivesse envelhecido com alguma dignidade, ele ainda saía no lucro, afinal ela era bem interessante, ponderou. Não custava arriscar.
Ele escreveu uma mensagem, ela respondeu… ele fazia alguns elogios e umas piadas, ela respondia na mesma moeda… nada mal para as primeiras abordagens, pensou. Mas para não dizer que não falei de flores, e que a vida é uma roleta em que apostamos tudo, o Guimel seguiu, para não trair o costume judaico, digo japonês, digo masculino, olhando os demais perfis do site. Pois de repente, não mais que de repente, surge uma morena! Essa não parecia ter a foto uns dez anos mais nova, e era também muito interessante! Que dia de sorte, ele pensou! Uma loira e uma morena. A porta do paraíso estava prestes a se abrir para ele!
O Guimel, corintiano roxo, incentivador ferrenho da construção com verbas governamentais do Itaquerão – vulgo Lonjão – sem qualquer interesse na super faturação da obra, ou nas demais benesses do dinheiro público, simplesmente por ser um paulistano da gema, criado e educado em Bagé, município gaúcho bem conhecido como terra de quem é macho barbaridade, resolveu escrever para a morena também! Mulher bonita, interessante, não se deve deixar passar em brancas nuvens, pensou.

Com a morena foi o mesmo sucesso que com a loira. Elogio para cá, piada para lá, tudo corria as mil maravilhas! Ele mal podia acreditar. É… o pobre do Guimel nunca havia tido tanta sorte assim. Imaginem: uma loira e uma morena, e as duas caindo na lábia dele, demonstrando interesse por ele! Ele já se imaginava em uma cena de bar na avenida São João, gabando-se para seus amigos intelectuais, principalmente o metalúrgico falsificado e o carioca travestido de baiano, ambos muito chegados em uma branquinha, da sua competência em agradar as mulheres, ainda que virtuais! Era alegria pura!

Certo dia ele inicia uma frenética troca de mensagens com a loira e, ao mesmo tempo, com a morena. Cabra macho é assim mesmo! A morena, moça da cidade grande, mas criada em uma fazenda de café no interior, era bem objetiva. Em um dado momento, ela o desafia a trocarem nomes para ver o perfil verdadeiro no Facebook, etc… Ela não tinha certeza então, se o tal do Facebook tinha chegado em Bagé, mas o desafiou assim mesmo, já que a transparência era moda nas fazendas do interior paulista.
O Guimel pode ser tudo, mas covarde, não é! Ele colocou o chimarrão de lado, deu a última mordida no pedaço de pizza que trouxera de sua terra natal, a Mooca, e mandou ver! Facebook!
A morena deu o nome dela, o Guimel o dele, e nesse meio tempo veio a revelação… tudo não passava de uma brincadeira entre a loira e a morena, se divertindo às custas dele!
Como assim, pensou? Ele mal tinha percebido que elas eram então irmãs e estavam se divertindo online… E se divertindo muito, diga-se de passagem! O Guimel como já havia cantado uma e outra, que eram bonitas, que isso, que aquilo, em um primeiro momento ficou envergonhado com a situação. Corintiano, gaúcho e puxador de escola de samba carioca, respeita muito o preceito bíblico de não "pegar" duas irmãs; ou pega uma, ou pega a outra… mesmo que virtualmente! Ele nunca foi fã daquela tal de lei do levirato – que porra de lei é essa mesmo? - que…, bom, deixa para lá, não tem nada a ver com a história!
O interessante dessa situação é que depois de tudo isso, a morena e o Guimel se deram conta que são pessoas com um ótimo senso de humor, e com um talento enorme para rir dos desastres de certas situações na vida. Eles ficaram bons amigos e hoje em dia, ambos participam em conjunto de uma ONG patrocinada pelo governo federal, que oferece bolsas para cotistas que queiram se aventurar na arte de escrever e de fazer rir…

Muita água rolou depois de tantas revelações. E justamente nesta época, passando situações e barbaridades indescritíveis nas tentativas de relacionamentos virtuais (nestes sites de comunidades nepalesas), os dois descobriram que há um prazer inigualável em coletar estas histórias.
Não existe nada mais dadaísta que investir num relacionamento virtual para depois se deleitar escrevendo sobre isso.
É uma experiência quase orgástica!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

AMNÉSIA

Outro dia estava remoendo minhas lembranças e às vezes me pego rindo sozinha dos muitos absurdos pelos quais passei.
Em uma época da minha vida, comecei a frequentar ambientes voltados à comunidade judaica. Fazia isso para me integrar, conhecer pessoas, arrumar talvez um namorado, quem sabe?!
Mas vou te contar: isso era muito, mas muito pior do que frequentar sites de relacionamentos, voltados ou não à comunidades específicas. E vou falar mais uma coisa: tenho certeza de que é assim para todos os sites e grupos temáticos onde pessoas sozinhas procuram seres semelhantes para se relacionar.
Meu, o mundo tá lotados weirdos! Não que eles não sejam boas pessoas, aliás, muito pelo contrário. Acho que os weirdos são as pessoas mais fofas, bondosas, pacientes e tolerantes que existem. O problema é que as pessoas normais, quando encontram os weirdos, tornam-se imediatamente ruins, inpacientes, intolerantes e não fofas. É... eles tem o poder de extrair das pessoas normais tudo o que há de pior nas nossas almas. Falo nossas porque embora as pessoas achem que eu tenho um parafuso a menos, eu me considero bastante normal! Vou te contar que até um instinto primitivo e assassino pode por vezes aflorar na gente frente a convivência extrema com esses seres, os weirdos.
E é por isso então que eles andam juntos, em grupo, e são extremamente receptivos à novas convivências, visto que ninguém em sã consciência naturalmente se aproxima muito deles.
Pois bem, eu não estava na minhã sã consciência e me aproximei. Em poucos dias meu telefone não parava de tocar - o de casa, pois naquela época nem existia celular - e agora eu tinha na minha vida um mundo inteiro de weirdos que se consideravam meus melhores amigos. Assim já de cara!
Aí fui numa festinha num bar até que da moda, e o conheci!
Trocamos olhares, ele era o mais normalzinho do lugar. Parecia um novo membro da turminha weirdo também, meio deslocado, bonito até. Um cara mais velho do que a média local.
Pensei: esse aí deve estar tão perdido quanto eu, deve ser separado, talvez recentemente separado, meio sozinho, procurando se refazer... sei lá. O fato é que ficamos nos olhando boa parte da noite, até que ele veio falar comigo. Um cara interessante, gostava de  aventuras, fazia vela oceânica, rally, trilhas e biciletagem. Não que seu físico entregasse esse seu lado artístico. Bem ao contrário disso, o cara tinha uma bela barriguinha de chopp.
Bom, ele era mais velho mesmo que a média, mas nunca tinha se casado e era bem reservado ao falar de seus relacionamentos anteriores, de modo que achei melhor nem saber. Vida nova, novos conhecidos, novos amores. Tamos aí!
E não, ele não tinha um veleiro! Trabalhava duro limpando o casco dos veleiros dos outros para viabilizar a prática de seu esporte. E sim, vim a saber bem depois!
Bom, conversamos um pouco naquela noite, trocamos telefone, saímos num outro dia. Depois em mais um outro dia, e continuamos saindo por quase um mês. E olha! o cara era assexuado. Só podia ser. O cara era daqueles que não cagava e também não desocupava a moita. Até que um dia resolvi tomar a iniciativa. E quase que tive que apresentar meus peitos pra ele porque o cara não tinha a mínima noção de como se comportar frente a uma mulher com peitos de verdade. Pode ser que ele só tinha treinado com bonecos né? Hoje em dia tá tudo tão evoluído, tem boneco que tem até caganeira pra simular uma indigestão depois de levá-lo à um restaurante ruim... vai saber. Porque outro dia eu tava jantando com uns amigos e tenho certeza de ter visto um cara alimentando um boneco. Juro!
E ele se saiu mal. Nada aconteceu. E fomos embora meio frustrados, eu e ele.
Ainda recebi um par de ligações dele, mas nunca mais saímos.
Até que 10 anos depois, um primo meu me liga, animadíssimo, que tinha um partidão pra me apresentar. Na comunidade judaica é bem comum esses tipos de apresentações. Alguém tem um amigo e se lembra de uma amiga, ou uma prima no caso, solteira, e já dá o telefone de um pro outro provocando um inevitável blind date. Na maioria das vezes uma roubada sem tamanho.
Na época eu estava sozinha mesmo e topei me encontrar com o partidão. E vou te falar, não reconheci o cara de imediato. Nem ele me reconheceu, eu acho. Conversamos a tarde toda, fomos à hípica pois na época eu tinha cavalos, e foi agradabilíssimo! Ele me contou que agora tinha um jipe e estava organizando passeios de bicicleta em grupo, e que iria me chamar para um mega passeio que iria ocorrer em breve.
Saímos mais 2 vezes, ele sempre falando do mega passeio, animadíssimo, até que às vésperas do grande evento ele sumiu. Desapareceu do mapa sem deixar vestígios. Nesse meio tempo eu já tinha me lembrado dele, o Sem Iate de 10 anos atrás.
E mais alguns dias passados, incluindo o grande dia do passeio de la fête, o Sem Iate me liga. A primeira coisa que o cara me fala é: pô, mas você não veio ao passeio???
Incrível né? Sem Iate e totalmente Sem Sensibilidade Alguma, porque COMO É QUE EU PODIA IR? Primeiro que eu não tenho bicicleta - o Sem Iate é que ia me arrumar uma! Segundo, como é que eu poderia ir se o cara que ia me levar some antes do evento e reaparece igual à Nossa Senhora de Fátima, alguns dias depois? Como? Alguém por favor, me dá uma luz, porque sozinha não consegui elucidar esse enigma. Foi - é óbvio! - a última vez que falei com o cara. Só me lembrei dele há algumas semanas quando soube que ele pseudo-namorou (obviamente sem nenhum contato físico) uma menina que conheci. E cheguei à conclusão final de que ele só pode ter vindo do passado, de um passado remoto, onde o namoro era no portão, sem contato físico com seres humanos do sexo oposto. Já com os bonecos não posso garantir...
E assim, como essa amnésia lacunar, também tive algumas outras reais ou provocadas. Mas nunca me arrependi tanto de ter me lembrado de um weirdo como do Sem Iate.
Uma vez, num desses grupos que frequentei, um cara veio me contar que eu já tinha saído com ele. E vou confessar aqui que desse aí não me lembro até hoje. É lógico que não me contive em perguntar se havia acontecido algo entre nós, porque não era possível um esquecimento tão grave assim. Ele foi sincero e disse que nada havia ocorrido porque eu não quis. Ufa! Menos pior.
E para terminar também confesso que certa feita eu caí do meu cavalo e me aproveitei do incidente pra dizer que havia me esquecido do cara que eu estava saindo. Que fique bem claro que não faço mais isso. Mas na época foi a forma mais fácil. O cara ficou chateado, me fez anotar anotar o telefone dele de novo, me ligava, ficou tentando me conquistar... até o dia em que eu disse que não sabia como é que eu podia estar saindo com ele, visto que não tínhamos nenhuma afinidade e que eu nunca me interessaria por alguém assim.
Cruel eu sei...
Mas ele atribuiu tudo à minha amnésia por conta da pancada na minha cabeça e tudo ficou bem, sem maiores ressentimentos.
E disso tudo tiro apenas uma lição: quando a gente não se lembra, é melhor deixar assim!!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A MOÇA DA CANGA PELA METADE

Esta história vai ser um pouco diferente das outras. Não é auto-biográfica.
Desde de que comecei a construir este blog, tenho recebido histórias das mais variadas pessoas para possíveis publicações; isso sem contar com a colaboração de meu querido e safado amigo Guimel. Rá! E olha que a grande maioria destas histórias são impagáveis. Boas mesmo.
É claro que não posso deixar de mencionar também as histórias que me foram contadas desde que manifestei interesse pelo assunto. Sempre que me sento numa rodinha entre amigos, sou supreendida por mais uma inédita! Ah! Como tenho me divertido nas últimas semanas!!
Bem, um amigo de outro amigo me surpreendeu um dia com uma destas pérolas que vou tentar contar da forma mais fiel.
O cenário é o mesmo: o site de relacionamento. Lá eles trocaram informações de contato e começaram a se corresponder.
A menina era um mistério, sexy, voz rouca, despertava milhões de desejos ocultos, visto que pela foto que ela tinha no perfil não dava pra deduzir muita coisa, pois, numa praia paradisíaca só era possível visualizar um pedaço da sua canga.
Mas sabe como homem fica com um pedaço de pano enrolando um corpo feminino né? Milhões de pensamentos aflorando numa velocidade estonteante, ele imaginava sempre o melhor. Uma mulher de parar o trânsito enrolada naquele pedaço de pano colorido, despertando todos os seus sentidos e desejos.
Pois bem, aí eu tenho de fazer um adendo...
E por falar em adendo, um dia, um desses homens-texto sobre os quais escrevo se descobriu na sua biografia. Nem preciso dizer que o cara me ligou soltando fogo pelas ventas e falando absurdos pra mim. Aí eu, que não perco uma deixa, lhe disse que por estar sendo extremamente agressivo, teria de fazer um adendo na sua história, uma complementação que por sinal, nunca fiz. E o rapaz magoadíssimo, não perdeu a oportunidade de me demonstrar novamente sua parca inteligência, quando me perguntou com toda a ingenuidade do mundo: "o que é 'adendo'?". Meu, a família do cara é culta! E eu pensando: onde estou? onde estou? onde estou? Porque na Terra é que eu não podia estar... o cara, dono de uma livraria, acho que nunca leu nenhum dos produtos que ele vende, nem mesmo a Bíblia Sagrada, meu Deus! E não deve ter abençoado nenhum de seus remédios... Explico rapidamente: há alguns anos, em um de meus plantões médicos de hospital público, um famoso padre da tv resolveu fazer, na missa das 6 hs da manhã, uma benção aos remédios. Funcionava assim: os telespectadores tinham que se posicionar com os remédios na frente do aparelho de tv e ouvir o padre abençoar seus remédios. Eu e o psiquiatra de plantão no pronto socorro do tal hospital público, assistindo a chamada para a tal da benção. Nisso o psiquiatra sai todo ofegante para a sua sala de atendimento, e eu vou atrás, crente que havia chegado alguma urgência. Quando chego na sala, está ele lá, sentado na sua mesa, fazendo uma anotação: "não esquecer de mandar os pacientes acordarem cedo e se posicionarem na frente das suas tvs com os seus respectivos "aldol" e "gardenal".
Bom, mas voltando à história original, o adendo era o seguinte: tive de perguntar ao meu colega o que uma deusa grega e gostosa, com um corpo escultural e uma canga que só aparecia pela metade na foto, estaria fazendo num site de relacionamentos?
Estes sites são interessantes por despertar a nossa curiosidade, mas na real, são repletos de pessoas desinteressantes. Já me dizia um outro amigo que pessoas normais e interessantes não precisam desse tipo de mídia. Por outro lado, quem de nós, simples mortais, nunca frequentou estes espaços? É uma ação que faz parte da nossa geração, é "normal". Acho!
E eles marcaram um encontro. A menina da canga pela metade e o meu colega.
Planos a mil, como ele é um cara esperto, já tinha um plano B para o caso de a moça ser uma tampa de bueiro.
E ELA ERA!
Ele chegou cedo e ela apareceu, sem a canga, com roupas largas, muito simpática dentro de seus mais de 100 Kg. Agora tudo fazia sentido, a canga pela metade, as fotos das mãos, dos cachorros, e de todos que não eram propriamente ela mesma.
Mulher tem dessas coisas, elas querem conquistar pelo que são e não pela aparência. O que elas mais detestam é quando o cara pede um foto de corpo inteiro. Acham superficial e ridículo. Já os caras querem se interessar pelo conjunto físico da obra. É por isso que não dá certo!
Imediatamente o plano B entrou em ação, e ele a levou num cinema no centro da cidade onde a possibilidade de encontrar algum conhecido era mínima.
Mas a Lei de Murphy foi feita para essas ocasiões e qual não foi a surpresa de meu colega quando, esperando a moça-tampa sair do banheiro, ele encontra com um casal de conhecidos. Imediatamente ele se vira de costas para o banheiro feminino, tentando ganhar um tempo no anonimato, até ela sair do recinto e localizá-lo. Coitado, tentava desesperadamente despistar o casal de conhecidos que emendava um assunto no outro, quando de repente sentiu as vibrações. No chão. Como um bate estaca numa construção, o chão vibrava cada vez mais perto dele, até que uma sombra redonda se fez sobre os três adultos que conversavam e o som parou. Ele olhou pro lado e a moça estava lá, toda sorridente. Pelo menos ela tinha assim como todos os quilos, todos os dentes também. Não deu pra disfarçar, e ele teve de apresentá-la aos amigos que até hoje não esquecem o ocorrido. Menos ainda quando souberam de toda a história. Eternizaram o fatídico encontro!
Agora vou me repetir: nada contra a moça ser gorda ou feia. Mas pra que mentir??? Por que colocar uma canga-armadilha na foto? E a menina era simpática até. Tudo bem que o cara foi ingênuo, mas a moça era um mestre na arte de ludibriar! Uma enganação física, feminina, diferente das enganações dos homens-texto, que primam pelos absurdos comportamentais.
Ele nunca mais a viu. Aprendeu a não confiar mais em fotos de cangas. E agora sempre pergunta para todas as suas dates se elas abençoaram os seus remédios.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O INÍCIO QUE NÃO TEVE COMEÇO - por Chai

Diálogo entre celulares: “É o Chai (meu nome fictício)”
Ela: “É a Gioconda??? (nome fictício de alguma conhecida do meu “presunto” par (não é “presumível”, porque eu misturo espanhol quando me convém, tá?, e, vocês entendem o “double sentido”,né?, considerando que sou judeu...))”
- Não, é o Chai. O CHAI, Shin (nome fictício dela).”
Sei que há problemas de comunicação entre o celular, mas o diálogo acima se repetiu umas 3 vezes, até que ela desligou. Liguei de volta e ela não atendeu.
Poderia fazer um parágrafo inteiro de como eu boto o nome da pessoa no celular junto ao número. É a primeira coisa que faço, para saber quem liga quando liga (aparece o nome e não o número). Faz sentido pra vocês, não? (aliás, este parágrafo foi acrescentado bem depois à história). Poderia discorrer daí sobre a importância que ela deu a mim...(mas não quero ser um Woody Allen moderno...).
Sim, vcs. dirão: pode haver problema de sinal e o som não tava bom. Verifiquei o sinal: nada, tava no máximo dos pauzinhos. Considerando que ela já fez coisa parecida antes, é presumível que seja feito de novo. Antes, eu mandei 2 torpedos no fim de semana, que ela não respondeu e, dias depois, mandou um aviso pelo facebook que só tinha visto meu torpedo “agora”, com uma carinha de pena (eu não sei por que fazem carinha de pena, se era isso mesmo que ela queria dizer...). Não sei por que tanto fingimento, vamos supor que ela tenha entre 30 e 40 anos, não é mais criança e nem eu sou mais pra ser tratado como tal.
Antes disso, já nos encontramos uma vez pessoalmente, jogo rápido porque eu tinha que ir à sinagoga. Ela chegou atrasada. Já não gostei, parece que ela gostou menos ainda de mim! O encontro, objetivamente falando rendeu só meia hora, mas até pareceu mais pela quantidade de informação que parece que ficou engasgada durante os dias prévios. Mas deixei ela falar... e ela não perdeu a oportunidade! Ótimo, parecia esperançoso, e como este espaço chama-se Expectativas (delas não pode se fugir), nada mais adequado a este espaço.
Da próxima vez, espero passar do prólogo. Mas aí não terá graça, ficaria muito comprido o texto.
Jewish Girls: dizem que são muito difíceis..... e são mesmoooo.

BBS... ÉPOCA BOA ESSA! - por Nikki

Era época de BBS (Bulletin Board System), não sei se vocês chegaram a conhecer. Era antes da internet, e você entrava em um provedor via modem (com aquele barulho insuportável). Entrei num grupo chamado MANDIC, um dos mais populares - bom, acho que era também um dos únicos naquel época. Comecei a participar de bate papos e resolvi ir a encontros.

Nos encontros você colocava uma etiqueta com seu "nick name" e ia conhecendo as pessoas, tipo nossa você que é a tal pessoa, puxa adorei te conhecer pessoalmente e etc... Bom num desses encontros conheci o Luis, super gato e simpático, lembro que seu nick name era Jean Michel Jarre!, e começamos a sair. O único problema, que eu achava, era que ele morava em Santos e trabalhava em SP. Comecei a encontrar com ele na Paulista e depois o deixava na rodoviária. Era muito bom, nos divertíamos e aproveitávamos cada momento, ele sempre me respeitando muito. Um belo dia resolvi convidá-lo para ir na minha casa, para arrumar meu computador (pois na época eu não arrumava computadores e ele já trabalhava na área).

Ele veio em casa, conheceu meus pais e eu já estava gostando dele.

Bom, nesse meio tempo fiz uma apresentação de canto (na época fazia aulas) e achei que ele não iria assistir, mas ele foi... só que o vi apenas na rua e achei estranho ele "fugir". Ainda assim, o chamei e saímos para casa do meu primo. Estava tudo ok, e eu ficando cada vez mais feliz, pois meu relacionamento anterior não estava dando certo!

Até que chegou o dia avassalador. Estávamos namorando no carro e ele falou o seguinte: “Nosso relacionamento está se tornando sério e é melhor pararmos por aqui”. Então eu falei, como assim? Por que? E ele me respondeu: "Sou casado e tenho 2 filhas, uma de 2 anos e outra de 1".

Eu fiquei passada, nem preciso dizer, falei para ele descer do carro e que não iria mais levá-lo a rodoviária e nem mais vê-lo, e o pior: ele é que ficou bravo!!! Tenha dó né!!! Cada uma!!! aff .