segunda-feira, 16 de julho de 2012

AMNÉSIA

Outro dia estava remoendo minhas lembranças e às vezes me pego rindo sozinha dos muitos absurdos pelos quais passei.
Em uma época da minha vida, comecei a frequentar ambientes voltados à comunidade judaica. Fazia isso para me integrar, conhecer pessoas, arrumar talvez um namorado, quem sabe?!
Mas vou te contar: isso era muito, mas muito pior do que frequentar sites de relacionamentos, voltados ou não à comunidades específicas. E vou falar mais uma coisa: tenho certeza de que é assim para todos os sites e grupos temáticos onde pessoas sozinhas procuram seres semelhantes para se relacionar.
Meu, o mundo tá lotados weirdos! Não que eles não sejam boas pessoas, aliás, muito pelo contrário. Acho que os weirdos são as pessoas mais fofas, bondosas, pacientes e tolerantes que existem. O problema é que as pessoas normais, quando encontram os weirdos, tornam-se imediatamente ruins, inpacientes, intolerantes e não fofas. É... eles tem o poder de extrair das pessoas normais tudo o que há de pior nas nossas almas. Falo nossas porque embora as pessoas achem que eu tenho um parafuso a menos, eu me considero bastante normal! Vou te contar que até um instinto primitivo e assassino pode por vezes aflorar na gente frente a convivência extrema com esses seres, os weirdos.
E é por isso então que eles andam juntos, em grupo, e são extremamente receptivos à novas convivências, visto que ninguém em sã consciência naturalmente se aproxima muito deles.
Pois bem, eu não estava na minhã sã consciência e me aproximei. Em poucos dias meu telefone não parava de tocar - o de casa, pois naquela época nem existia celular - e agora eu tinha na minha vida um mundo inteiro de weirdos que se consideravam meus melhores amigos. Assim já de cara!
Aí fui numa festinha num bar até que da moda, e o conheci!
Trocamos olhares, ele era o mais normalzinho do lugar. Parecia um novo membro da turminha weirdo também, meio deslocado, bonito até. Um cara mais velho do que a média local.
Pensei: esse aí deve estar tão perdido quanto eu, deve ser separado, talvez recentemente separado, meio sozinho, procurando se refazer... sei lá. O fato é que ficamos nos olhando boa parte da noite, até que ele veio falar comigo. Um cara interessante, gostava de  aventuras, fazia vela oceânica, rally, trilhas e biciletagem. Não que seu físico entregasse esse seu lado artístico. Bem ao contrário disso, o cara tinha uma bela barriguinha de chopp.
Bom, ele era mais velho mesmo que a média, mas nunca tinha se casado e era bem reservado ao falar de seus relacionamentos anteriores, de modo que achei melhor nem saber. Vida nova, novos conhecidos, novos amores. Tamos aí!
E não, ele não tinha um veleiro! Trabalhava duro limpando o casco dos veleiros dos outros para viabilizar a prática de seu esporte. E sim, vim a saber bem depois!
Bom, conversamos um pouco naquela noite, trocamos telefone, saímos num outro dia. Depois em mais um outro dia, e continuamos saindo por quase um mês. E olha! o cara era assexuado. Só podia ser. O cara era daqueles que não cagava e também não desocupava a moita. Até que um dia resolvi tomar a iniciativa. E quase que tive que apresentar meus peitos pra ele porque o cara não tinha a mínima noção de como se comportar frente a uma mulher com peitos de verdade. Pode ser que ele só tinha treinado com bonecos né? Hoje em dia tá tudo tão evoluído, tem boneco que tem até caganeira pra simular uma indigestão depois de levá-lo à um restaurante ruim... vai saber. Porque outro dia eu tava jantando com uns amigos e tenho certeza de ter visto um cara alimentando um boneco. Juro!
E ele se saiu mal. Nada aconteceu. E fomos embora meio frustrados, eu e ele.
Ainda recebi um par de ligações dele, mas nunca mais saímos.
Até que 10 anos depois, um primo meu me liga, animadíssimo, que tinha um partidão pra me apresentar. Na comunidade judaica é bem comum esses tipos de apresentações. Alguém tem um amigo e se lembra de uma amiga, ou uma prima no caso, solteira, e já dá o telefone de um pro outro provocando um inevitável blind date. Na maioria das vezes uma roubada sem tamanho.
Na época eu estava sozinha mesmo e topei me encontrar com o partidão. E vou te falar, não reconheci o cara de imediato. Nem ele me reconheceu, eu acho. Conversamos a tarde toda, fomos à hípica pois na época eu tinha cavalos, e foi agradabilíssimo! Ele me contou que agora tinha um jipe e estava organizando passeios de bicicleta em grupo, e que iria me chamar para um mega passeio que iria ocorrer em breve.
Saímos mais 2 vezes, ele sempre falando do mega passeio, animadíssimo, até que às vésperas do grande evento ele sumiu. Desapareceu do mapa sem deixar vestígios. Nesse meio tempo eu já tinha me lembrado dele, o Sem Iate de 10 anos atrás.
E mais alguns dias passados, incluindo o grande dia do passeio de la fête, o Sem Iate me liga. A primeira coisa que o cara me fala é: pô, mas você não veio ao passeio???
Incrível né? Sem Iate e totalmente Sem Sensibilidade Alguma, porque COMO É QUE EU PODIA IR? Primeiro que eu não tenho bicicleta - o Sem Iate é que ia me arrumar uma! Segundo, como é que eu poderia ir se o cara que ia me levar some antes do evento e reaparece igual à Nossa Senhora de Fátima, alguns dias depois? Como? Alguém por favor, me dá uma luz, porque sozinha não consegui elucidar esse enigma. Foi - é óbvio! - a última vez que falei com o cara. Só me lembrei dele há algumas semanas quando soube que ele pseudo-namorou (obviamente sem nenhum contato físico) uma menina que conheci. E cheguei à conclusão final de que ele só pode ter vindo do passado, de um passado remoto, onde o namoro era no portão, sem contato físico com seres humanos do sexo oposto. Já com os bonecos não posso garantir...
E assim, como essa amnésia lacunar, também tive algumas outras reais ou provocadas. Mas nunca me arrependi tanto de ter me lembrado de um weirdo como do Sem Iate.
Uma vez, num desses grupos que frequentei, um cara veio me contar que eu já tinha saído com ele. E vou confessar aqui que desse aí não me lembro até hoje. É lógico que não me contive em perguntar se havia acontecido algo entre nós, porque não era possível um esquecimento tão grave assim. Ele foi sincero e disse que nada havia ocorrido porque eu não quis. Ufa! Menos pior.
E para terminar também confesso que certa feita eu caí do meu cavalo e me aproveitei do incidente pra dizer que havia me esquecido do cara que eu estava saindo. Que fique bem claro que não faço mais isso. Mas na época foi a forma mais fácil. O cara ficou chateado, me fez anotar anotar o telefone dele de novo, me ligava, ficou tentando me conquistar... até o dia em que eu disse que não sabia como é que eu podia estar saindo com ele, visto que não tínhamos nenhuma afinidade e que eu nunca me interessaria por alguém assim.
Cruel eu sei...
Mas ele atribuiu tudo à minha amnésia por conta da pancada na minha cabeça e tudo ficou bem, sem maiores ressentimentos.
E disso tudo tiro apenas uma lição: quando a gente não se lembra, é melhor deixar assim!!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A MOÇA DA CANGA PELA METADE

Esta história vai ser um pouco diferente das outras. Não é auto-biográfica.
Desde de que comecei a construir este blog, tenho recebido histórias das mais variadas pessoas para possíveis publicações; isso sem contar com a colaboração de meu querido e safado amigo Guimel. Rá! E olha que a grande maioria destas histórias são impagáveis. Boas mesmo.
É claro que não posso deixar de mencionar também as histórias que me foram contadas desde que manifestei interesse pelo assunto. Sempre que me sento numa rodinha entre amigos, sou supreendida por mais uma inédita! Ah! Como tenho me divertido nas últimas semanas!!
Bem, um amigo de outro amigo me surpreendeu um dia com uma destas pérolas que vou tentar contar da forma mais fiel.
O cenário é o mesmo: o site de relacionamento. Lá eles trocaram informações de contato e começaram a se corresponder.
A menina era um mistério, sexy, voz rouca, despertava milhões de desejos ocultos, visto que pela foto que ela tinha no perfil não dava pra deduzir muita coisa, pois, numa praia paradisíaca só era possível visualizar um pedaço da sua canga.
Mas sabe como homem fica com um pedaço de pano enrolando um corpo feminino né? Milhões de pensamentos aflorando numa velocidade estonteante, ele imaginava sempre o melhor. Uma mulher de parar o trânsito enrolada naquele pedaço de pano colorido, despertando todos os seus sentidos e desejos.
Pois bem, aí eu tenho de fazer um adendo...
E por falar em adendo, um dia, um desses homens-texto sobre os quais escrevo se descobriu na sua biografia. Nem preciso dizer que o cara me ligou soltando fogo pelas ventas e falando absurdos pra mim. Aí eu, que não perco uma deixa, lhe disse que por estar sendo extremamente agressivo, teria de fazer um adendo na sua história, uma complementação que por sinal, nunca fiz. E o rapaz magoadíssimo, não perdeu a oportunidade de me demonstrar novamente sua parca inteligência, quando me perguntou com toda a ingenuidade do mundo: "o que é 'adendo'?". Meu, a família do cara é culta! E eu pensando: onde estou? onde estou? onde estou? Porque na Terra é que eu não podia estar... o cara, dono de uma livraria, acho que nunca leu nenhum dos produtos que ele vende, nem mesmo a Bíblia Sagrada, meu Deus! E não deve ter abençoado nenhum de seus remédios... Explico rapidamente: há alguns anos, em um de meus plantões médicos de hospital público, um famoso padre da tv resolveu fazer, na missa das 6 hs da manhã, uma benção aos remédios. Funcionava assim: os telespectadores tinham que se posicionar com os remédios na frente do aparelho de tv e ouvir o padre abençoar seus remédios. Eu e o psiquiatra de plantão no pronto socorro do tal hospital público, assistindo a chamada para a tal da benção. Nisso o psiquiatra sai todo ofegante para a sua sala de atendimento, e eu vou atrás, crente que havia chegado alguma urgência. Quando chego na sala, está ele lá, sentado na sua mesa, fazendo uma anotação: "não esquecer de mandar os pacientes acordarem cedo e se posicionarem na frente das suas tvs com os seus respectivos "aldol" e "gardenal".
Bom, mas voltando à história original, o adendo era o seguinte: tive de perguntar ao meu colega o que uma deusa grega e gostosa, com um corpo escultural e uma canga que só aparecia pela metade na foto, estaria fazendo num site de relacionamentos?
Estes sites são interessantes por despertar a nossa curiosidade, mas na real, são repletos de pessoas desinteressantes. Já me dizia um outro amigo que pessoas normais e interessantes não precisam desse tipo de mídia. Por outro lado, quem de nós, simples mortais, nunca frequentou estes espaços? É uma ação que faz parte da nossa geração, é "normal". Acho!
E eles marcaram um encontro. A menina da canga pela metade e o meu colega.
Planos a mil, como ele é um cara esperto, já tinha um plano B para o caso de a moça ser uma tampa de bueiro.
E ELA ERA!
Ele chegou cedo e ela apareceu, sem a canga, com roupas largas, muito simpática dentro de seus mais de 100 Kg. Agora tudo fazia sentido, a canga pela metade, as fotos das mãos, dos cachorros, e de todos que não eram propriamente ela mesma.
Mulher tem dessas coisas, elas querem conquistar pelo que são e não pela aparência. O que elas mais detestam é quando o cara pede um foto de corpo inteiro. Acham superficial e ridículo. Já os caras querem se interessar pelo conjunto físico da obra. É por isso que não dá certo!
Imediatamente o plano B entrou em ação, e ele a levou num cinema no centro da cidade onde a possibilidade de encontrar algum conhecido era mínima.
Mas a Lei de Murphy foi feita para essas ocasiões e qual não foi a surpresa de meu colega quando, esperando a moça-tampa sair do banheiro, ele encontra com um casal de conhecidos. Imediatamente ele se vira de costas para o banheiro feminino, tentando ganhar um tempo no anonimato, até ela sair do recinto e localizá-lo. Coitado, tentava desesperadamente despistar o casal de conhecidos que emendava um assunto no outro, quando de repente sentiu as vibrações. No chão. Como um bate estaca numa construção, o chão vibrava cada vez mais perto dele, até que uma sombra redonda se fez sobre os três adultos que conversavam e o som parou. Ele olhou pro lado e a moça estava lá, toda sorridente. Pelo menos ela tinha assim como todos os quilos, todos os dentes também. Não deu pra disfarçar, e ele teve de apresentá-la aos amigos que até hoje não esquecem o ocorrido. Menos ainda quando souberam de toda a história. Eternizaram o fatídico encontro!
Agora vou me repetir: nada contra a moça ser gorda ou feia. Mas pra que mentir??? Por que colocar uma canga-armadilha na foto? E a menina era simpática até. Tudo bem que o cara foi ingênuo, mas a moça era um mestre na arte de ludibriar! Uma enganação física, feminina, diferente das enganações dos homens-texto, que primam pelos absurdos comportamentais.
Ele nunca mais a viu. Aprendeu a não confiar mais em fotos de cangas. E agora sempre pergunta para todas as suas dates se elas abençoaram os seus remédios.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O INÍCIO QUE NÃO TEVE COMEÇO - por Chai

Diálogo entre celulares: “É o Chai (meu nome fictício)”
Ela: “É a Gioconda??? (nome fictício de alguma conhecida do meu “presunto” par (não é “presumível”, porque eu misturo espanhol quando me convém, tá?, e, vocês entendem o “double sentido”,né?, considerando que sou judeu...))”
- Não, é o Chai. O CHAI, Shin (nome fictício dela).”
Sei que há problemas de comunicação entre o celular, mas o diálogo acima se repetiu umas 3 vezes, até que ela desligou. Liguei de volta e ela não atendeu.
Poderia fazer um parágrafo inteiro de como eu boto o nome da pessoa no celular junto ao número. É a primeira coisa que faço, para saber quem liga quando liga (aparece o nome e não o número). Faz sentido pra vocês, não? (aliás, este parágrafo foi acrescentado bem depois à história). Poderia discorrer daí sobre a importância que ela deu a mim...(mas não quero ser um Woody Allen moderno...).
Sim, vcs. dirão: pode haver problema de sinal e o som não tava bom. Verifiquei o sinal: nada, tava no máximo dos pauzinhos. Considerando que ela já fez coisa parecida antes, é presumível que seja feito de novo. Antes, eu mandei 2 torpedos no fim de semana, que ela não respondeu e, dias depois, mandou um aviso pelo facebook que só tinha visto meu torpedo “agora”, com uma carinha de pena (eu não sei por que fazem carinha de pena, se era isso mesmo que ela queria dizer...). Não sei por que tanto fingimento, vamos supor que ela tenha entre 30 e 40 anos, não é mais criança e nem eu sou mais pra ser tratado como tal.
Antes disso, já nos encontramos uma vez pessoalmente, jogo rápido porque eu tinha que ir à sinagoga. Ela chegou atrasada. Já não gostei, parece que ela gostou menos ainda de mim! O encontro, objetivamente falando rendeu só meia hora, mas até pareceu mais pela quantidade de informação que parece que ficou engasgada durante os dias prévios. Mas deixei ela falar... e ela não perdeu a oportunidade! Ótimo, parecia esperançoso, e como este espaço chama-se Expectativas (delas não pode se fugir), nada mais adequado a este espaço.
Da próxima vez, espero passar do prólogo. Mas aí não terá graça, ficaria muito comprido o texto.
Jewish Girls: dizem que são muito difíceis..... e são mesmoooo.

BBS... ÉPOCA BOA ESSA! - por Nikki

Era época de BBS (Bulletin Board System), não sei se vocês chegaram a conhecer. Era antes da internet, e você entrava em um provedor via modem (com aquele barulho insuportável). Entrei num grupo chamado MANDIC, um dos mais populares - bom, acho que era também um dos únicos naquel época. Comecei a participar de bate papos e resolvi ir a encontros.

Nos encontros você colocava uma etiqueta com seu "nick name" e ia conhecendo as pessoas, tipo nossa você que é a tal pessoa, puxa adorei te conhecer pessoalmente e etc... Bom num desses encontros conheci o Luis, super gato e simpático, lembro que seu nick name era Jean Michel Jarre!, e começamos a sair. O único problema, que eu achava, era que ele morava em Santos e trabalhava em SP. Comecei a encontrar com ele na Paulista e depois o deixava na rodoviária. Era muito bom, nos divertíamos e aproveitávamos cada momento, ele sempre me respeitando muito. Um belo dia resolvi convidá-lo para ir na minha casa, para arrumar meu computador (pois na época eu não arrumava computadores e ele já trabalhava na área).

Ele veio em casa, conheceu meus pais e eu já estava gostando dele.

Bom, nesse meio tempo fiz uma apresentação de canto (na época fazia aulas) e achei que ele não iria assistir, mas ele foi... só que o vi apenas na rua e achei estranho ele "fugir". Ainda assim, o chamei e saímos para casa do meu primo. Estava tudo ok, e eu ficando cada vez mais feliz, pois meu relacionamento anterior não estava dando certo!

Até que chegou o dia avassalador. Estávamos namorando no carro e ele falou o seguinte: “Nosso relacionamento está se tornando sério e é melhor pararmos por aqui”. Então eu falei, como assim? Por que? E ele me respondeu: "Sou casado e tenho 2 filhas, uma de 2 anos e outra de 1".

Eu fiquei passada, nem preciso dizer, falei para ele descer do carro e que não iria mais levá-lo a rodoviária e nem mais vê-lo, e o pior: ele é que ficou bravo!!! Tenha dó né!!! Cada uma!!! aff .

terça-feira, 12 de junho de 2012

MR. FAKE - O CARA DO ORKUT

Esse cara eu conheci há alguns anos, no finado Orkut. Lembram????Pois é, eu tinha perfil no Orkut, coisa que nunca revelei à ninguém. Tinha inclusive pouquíssimos amigos, pra não dar bandeira. No início fiz um perfil pro meu cachorro, com a foto dele, tipos de ração que ele gostava, jazz antigo que ele ouvia. Só percebi que a coisa era séria mesmo quando recebi uma série de congratulações pelo meu aniversário no dia do nascimento do meu próprio cachorro.
Foi só então que eu notei o calor humano que aquele site emanava. Agradeci imensamente as felicitações, explicando aos primeiros que postaram - já pouco depois da meia-noite - que o aniversário era do cachorro e não meu. Fiquei com medo de estar ludibriando as pessoas bondosas que me desejavam felicidades. Mas como as mensagens chegavam aos borbulhões e eu notei que ninguém ligava de quem era a porra do aniversário, comecei a agradecer os parabéns de todos, e agora faço aniversário oficialmente na data de nascimento do meu cachorro.
Bom, o fato é que tive sim vários perfis, em várias redes sociais, e conheci muita gente pela internet. Estou nesse mundo virtual desde 1994, então façam as contas de quanta coisa tenho para contar.
Esse carinha, muito bonitinho, o Sr. Fake, era um menino humilde, esforçado, do interior de Osasco.
Trabalhava pra valer, mas queria aparecer melhor do que realmente era na foto.
Ele entrou várias vezes no meu perfil até que criou coragem e me mandou um recadinho. Começamos então a trocar mensagens e ele me pareceu um cara com potencial. Explico: como diz minha sábia irmã, homem não vem pronto. Eles tem que vir com potencial. Se o cara tiver o potencial, a gente arruma o resto.
Combinamos depois de vários posts, de nos encontrar.
Até aí eu tinha visto e revisto todas as suas fotos e apesar da minha péssima memória fotográfica, guardei várias imagens do cara na minha cabeça: numa festa com amigos, brindando com champagne para o fotógrafo, usando roupas de grife... parecia um cara bem, bonitão e tudo. Um pouco mais novo que eu, mas até aí, tava valendo.
Nos encontramos num shopping e foi uma tarde agradabilíssima. Fomos ao cinema, tomamos café, ficamos conversando até bem tarde, até quase fechar o shopping.
Combinamos de nos encontrar de novo. Tínhamos gostado um do outro.
O grande problema é que ninguém consegue esconder a sua real situação por muito tempo né. Conversa vai e conversa vem, descobri que o cara não tinha carro, morava com a mãe, usava o carro da mãe e andava de ônibus pra lá e pra cá. Nada contra isso! Mas por que fingir ser uma coisa que não é? Por que???
Mais um pouco de conversa e de encontros furtivos, descubro que o malandro além de toda mentiralhada - mentiralhada: metralhada com mentira! - tinha uma namoradinha rica! E era dela o champagne da foto em que ele aparecia todo mauricinho bebendo!
Malandro é malandro e mané é mané!
E pelo visto a namoradinha era de antes de me conhecer. E o Sr. Fake, pelo visto também, era o Sr. Fake Plus, porque estava procurando sarna pra se coçar. Pô, o cara já tinha arrumado uma namorada rica conforme seus preceitos... então pra que - Dear Lord - se meter em confusão?
Resolvi então dar uma apimentada na relação - como me dizia o Véio do Rio (http://www.relacionamentosciberneticos.blogspot.com.br/2012/05/o-veio-do-rio.html). Só que no caso do Véio eu tinha sempre de perguntar qual era a relação que ele estava querendo apimentar, visto que não tínhamos nenhuma!
Comecei então a escrever posts públicos. Ué, a gente não estava saindo? Então não tínhamos nada a esconder.
Claro que eu não falava nada demais, mas escrevia como uma amiga (amiga íntima!), publicamente, já que o cara me enviava emails e me telefonava diariamente.
Resultado: no primeiro post já deu alteração, como diz meu pai. O cara ficou louco, a namoradinha corna mais louca ainda e... adivinhem!!! Fui deletada! O cara teve a coragem de me deletar, sem maiores explicações. E nem precisava, porque eu sabia muito bem o que estava acontecendo.
Só que para a minha completa desilusão, eu só fui deletada do tal do Orkut! Porque o infeliz do Sr. Fake Plus não parou de me ligar e nem de me convidar pra sair. Muito menos parou de exigir minha atenção no msn, um programinha de conversa virtual muito popular. E só tenho uma coisa pra dizer a respeito disso: porra! fez merda, a mina descobriu, deletou a mina? Então PÁRA de ligar pra ela! Deleta geral! É um favor que você faz pra comunidade feminina. Salvar a paciência de uma mulher é salvar a humanidade! Escreve aí o que eu tô dizendo!
Bom... então a situação era essa: eu, deletada, mas super requisitada, sem poder me manifestar publicamente, mas descendo a lenha no cara em private.
E olha só como o cara, com uma criatividade fora do comum, resolveu o problema (esse era um gênio mesmo!): ele criou um novo perfil, um que ninguém sabia da existência, e adivinhem! Me adicionou!!! Não é genial?
Até hoje fico impressionada com a pouca inteligência contida em alguns seres humanos.
Bom, depois disso, nunca mais falei com Sr. Fake Plus, deletei meu próprio perfil no Orkut, iniciei nova vida no Facebook, e qual não foi minha surpresa, alguns anos depois, ao receber um pedido de adição de um cara igualzinho a ele, agora morando na Austrália!
Olha, não sei se o cara venceu na vida, mas agora ele mora na Austrália. E parece que realmente assumiu que tem uma namorada. Outra, diferente da foto da primeira rica que ele namorou no Orkut.
E tendo em vista tudo o que aconteceu só posso dizer uma coisa: os aborígenes que se cuidem!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

AH, OS ARES DA MONTANHA... E O CAFÉ BRASILEIRO! - Por Guimel Mem

Gosto muito das montanhas; do ar puro, brisa agradável e tranqüilidade. Ah, os ares da montanha… Houve uma época em que vivi num lugar assim.
Esse lugar fica em uma região chamada "Montes de Judá", uma área no entorno de Jerusalém, cuja beleza reflete a santidade do local. Há inclusive uma canção religiosa, com sua frase principal extraída do Talmud (código de leis e conduta do judaísmo), que faz referência à essa área em especial; a canção diz: "Ainda escutaremos nos montes de Judá e no entorno de Jerusalém, com  toda a alegria e todo júbilo, todo noivo e toda noiva…" essa canção geralmente toca nos casamentos em Israel. Ah a poesia, ah, os ares da montanha…
Eu trabalhava como bartender, meio que responsável pelo lobby bar, em um dos hotéis dessa região, e vivia no kibutz, proprietário do mesmo. Era como um desses hotéis da serra, como em Teresópolis no Rio, Campos do Jordão em SP ou Gramado no RS. Eu estava feliz, e quando se está feliz, se faz bons amigos não é mesmo? Meu grande amigo e colega chamava-se Ítsik. 
Ítsik era membro do kibbutz e estava perto dos 50 anos de idade; era casado desde muito jovem e pai de 4 filhos. Uma pessoa sensacional! Acolhedor, amigo e um ótimo papo! Ele tinha apenas duas fraquezas, uma é que era fumante e para mim isso é uma fraqueza! A outra não me dizia respeito, já que, desejava e se esforçava para conquistar outras mulheres, se não por bom argumento, então, por melhor ainda, contratava e pagava por seus serviços… As fraquezas humanas dão cor à experiência da vida, concordam?
Penso que essa última fraqueza de meu amigo era devido ao casamento juvenil, a pouca experiência com outras mulheres e talvez também por DNA… Aqueles de vocês que gostam de ir a uma pizzaria de rodízio, entendem o que significa experimentar sabores variados em uma mesma experiência gastronômica. Eu já prefiro serviço A La Carte, escolho uma ótima pizza e degusto todos seus sabores lentamente, afinando o paladar. Rodízios, apesar da variedade oferecida, ao concluir a refeição, fica-se com a sensação desconfortável de ter comido muito e de não estar realmente saciado. Na pizza A La Carte, o sabor da mussarela é de mussarela e do manjericão, de manjericão. Mas gosto não se discute. Sim gente, já sei, alguns dirão: lamenta-se. Bem, seja como for!
Pois em uma dessas noites de inicio de primavera, já tarde da noite, eu fechei o bar e fiquei conversando com meu amigo já que ele estava trabalhando como auditor noturno (o computador faz praticamente tudo, só tem que apertar uns botões de vez em quando); e ele me disse que não teria movimento aquela noite no hotel. Esperava somente duas turistas da Holanda que deveriam chegar perto da uma da manhã. Elas eram funcionárias da HP. A loira mais alta era gerente de relacionamentos da empresa. Vou chamá-la de Zwolle, já que esse é o nome de uma cidade na Holanda e o nome dela não era mais fácil que isso! Seguimos conversando, trocando idéias, bebendo um chá com hortelã e Ítsik me convida para ficar mais tempo lá com ele, que talvez as turistas quisessem beber algo antes de se recolherem ao quarto e que se fossem bonitas, quem sabe, poderíamos oferecer algo mais… me entendem?
Uma e meia da manhã chega o táxi com as duas moças. Boa noite! Vocês fizeram boa viagem? Ah que bom! Imagino que em Amsterdã esteja mais frio que aqui etc. etc. Vocês gostariam de beber algo para relaxar da viagem? O bar está fechado, mas podemos abrir e oferecer a vocês uma bebidinha antes de irem dormir. É mesmo? Que simpático… bem, vamos aceitar então!
Pronto, isca lançada e fisgada, sentamo-nos os quatro no lobby e começamos a beber um vinho e jogar conversa fora. Meu amigo já estava em ponto de bala! Emocionado com o sucesso da operação! É hoje, pensava‼ Fomos para a segunda garrafa, e ninguém dando sinais de cansaço; experimentamos também um licor israelense e depois um choppinho em cima, já que não gostamos de ficar com aquele gosto muito doce na boca. Meu amigo já impaciente com toda essa demora, teve uma idéia brilhante! Que tal um banho de piscina agora? São mais de três da madrugada e ninguém vai nos ver! Todos adoraram a idéia. Então fomos para a piscina naquele friozinho da madrugada, água gelada etc. A primeira moça tirou a roupa e ficou apenas de calcinha e sutiã, atirou-se na piscina; eu mais do que depressa fiquei só de cueca e tchibum, entrei também. Meu amigo se acovardou do frio e resolveu não entrar. A outra moça, uma loira alta e bonita, também não quis entrar na piscina…
Voltamos todos ao lobby e tomamos mais vinho; uma saidera, entendem? Mas as coisas estavam devagar… acho que elas eram muito resistentes ao álcool… nessa altura do campeonato, meu amigo já havia praticamente desistido, já que todos conversávamos alegremente e obviamente insinuávamos que as coisas poderiam ficar inclusive mais divertidas etc. Elas conseguiam contornar a situação com elegância.
Já eram mais de quatro da manhã, os estoques de bebida já haviam baixado e estava na hora de uma atitude tipo: Ou dá ou desce! Afinal, todos já davam sinais de cansaço e tínhamos que ir cuidar de nossas vidas, não?
Então, eu tive a infalível idéia de convidar aquela moça loira, alta e bonita, gerente de relacionamentos da HP, já que ela era a mais comunicativa e me dava bola, para tomarmos um café brasileiro em minha casa, antes de irmos dormir. Minha casa era um bangalô estilo canadense, que ficava a poucos metros do hotel. Ela prontamente aceitou, enquanto a outra foi para seu quarto de hotel e meu amigo, muito frustrado com o resumo da noite, voltou à recepção. Afinal de contas a idéia e entusiasmo eram dele! E eu fiquei lá só para dar um suporte a ele. Mas a vida tem dessas coisas… Enfim…
Chegamos no meu bangalô e fomos diretamente para a cama. Rápido? Como, rápido? Estávamos desde a uma meia da manhã nesse chove não molha! 
Beijos para cá, beijos para lá, toques, carícias e estávamos eu só de cueca e ela de calcinha. Pega aqui, pega ali, aperta lá eu tento tirar a calcinha dela… ela resiste, diz que ainda não, que não queria… e eu pensando que fazia parte do joguinho, então continuei jogando, claro! De repente ela me diz: "Don't be so gentle with my teats!". Entenderam? Se vocês não entenderam, tenho um amigo que é ótimo professor de inglês e cobra apenas 70 reais por hora e… PÁRA‼! Isso aqui não é lugar para fazer merchandising‼ Aqui não é a Casas Bahia, viu? Pronto! Voltemos ao assunto que nos trás aqui hoje! Meu amigo professor me disse que a frase acima significa: não seja tão gentil com minhas tetas! O que que  é isso minha gente! Não ser muito gentil com… pode? Mas como naquela época eu atuava no ramo hoteleiro e talvez devido aos
diversos workshops a respeito de qualidade no atendimento, afinal, algo tinha entrado na minha cabeça dura; a cabeça pensante, fica claro! Então, atendi minha hóspede conforme sua vontade… entrementes, tentava tirar a calcinha dela, já que por enquanto parecia que só um dos jogadores estava ganhando, mas minha amiga não concordava… e assim foi até quase seis horas da manhã. Ela então decidiu ir dormir o restinho da noite em seu quarto de hotel, para que sua amiga não percebesse que ela havia se ausentado a noite toda. Na tarde seguinte, antes de fazer check-out ela veio ao bar tomar um café cortado. Meu café cortado era excelente; adoro café e preparava com muito gosto; além do que, era café Illy, meu favorito e… PÁRA‼ Já disse que comercial, não‼ Ok! Esqueci! Tomara que não esteja ficando com Alzeihmer, afinal, ainda tenho muito que contar…
Contei isso ao meu amigo, que ria sem parar. Fazíamos conjecturas do por quê ela não havia entrado na piscina e por que não quis tirar a calcinha… Seria medo de gripar-se? Teria alguma doença? Estaria menstruada? Quem sabe, preocupava-se com o corte de cabelo… vocês sabem como as mulheres se preocupam com o cabelo, não? Sei lá… o que sei é que até hoje não faço a mínima idéia da razão de sua atitude. Alguém arrisca um palpite?
Ainda bem que ninguém passou mal do café brasileiro servido em meu bangalô, afinal de contas, não ficaria bem para a imagem desse produto nacional tão amado pela população mundial; ainda mais em uma montanha tão linda, cheia de poesia e história. Um bom café quente tem seu valor, em uma noite fria nas montanhas! Não acham?

quinta-feira, 31 de maio de 2012

O DESCABELADO DA VILA MADALENA

Não sei porque insisto com essa história de sites de relacionamentos, mas atualmente penso que me mantenho conectada apenas para dar boas risadas.
Esse carinha eu conheci - adivinhem??? - isso mesmo: pela internet!!!
Site judaico, o cara era judeu. Isso na verdade não é tão óbvio quanto parece... outro dia conheci um cara neste site que estava na "fase judaica" da sua vida. Era um "wanna be", mas se fazia passar perfeitamente por um judeu, falava hebraico e tudo! Até que lá pelas tantas ele me confessou que a "fase judaica" dele havia passado há alguns meses e que ele agora era adventista do sétimo dia! E olha que ele me enganou direitinho. Só caí na real mesmo quando a gente se encontrou e ele me mostrou a foto de "quando ele era judeu", de barba, peiót, tsitsit e talit. Esse era doido de pedra mesmo! Mas essa é outra história que qualquer dia escreverei.
Pois bem, esse menino, o foco inicial deste texto, me parecia bastante interessante numa primeira olhada. Mas só numa primeira! Porque até hoje me penitencio com um azorrague de auto-flagelação por não ter dado uma segunda olhada antes de prosseguir.
Bom, eu sou meio impulsiva mesmo, então seguimos em frente... 
Conversa vai e conversa vem, ele me contou que é daqui mesmo de São Paulo, mas morou alguns anos em Israel depois de se formar na faculdade. Foi tentar a vida por lá pois aqui não havia achado seu espaço sócio-cultural-profissional.. Em outras palavras, um perdido no mundo que não ia conseguir se situar nem aqui nem na China, muito menos em Israel, visto que quando iniciamos a nossa conversa ele estava terminando de escrever uma tese de doutorado - até hoje não consegui entender bem doutorado em que - e planejava concluir a tal tese nos Estados Unidos.
O fato é que ao invés de acender a luzinha vermelha, meu cérebro deu um comando errado e acendeu várias luzes verdes e coloridas, dando a entender que um cara fazendo doutorado não deveria ser de todo uma pessoa desinteressante... 
MAS ERA! 
Lembro que conversávamos muito à noite e de madrugada. Cara notívago, meio boêmio. Tinha uma única foto no seu perfil em que aparecia todo descabelado, meio feio até. Mas pensei: um cara que põe uma foto dessas pra pegar mulher deve ser, no mínimo, autêntico. E assim fomos trocando informações em clima de romance. Ele morando a poucos metros da minha casa, acordadão a noite, descabelado na foto... 
Olha que romântico: numa de nossas madrugadas virtuais, ao me ouvir reclamar de fome, ele propôs me levar uma sopa de manufatura própria!, às 2 horas da manhã para jantarmos juntos. E ainda me disse que adorava programas assim inesperados, no meio da noite, sem planejamento prévio.
Eu, que adoro um porra louca, fiquei fascinada.
A sopa não rolou por razões óbvias. Eu sou maluca, mas não ia chamar um desconhecido no meu apartamento às duas da manhã, carregando ainda por cima um panelão de sopa de gosto duvidoso. Fico imaginando a cara do porteiro... no mínimo ele ia pensar que eu tava recebendo um despacho naquela hora esquisita. Ia dar muito trabalho pra explicar tudo isso na reunião de condomínio... declinei então da sopada.
Claro que essa personalidade despachada, a poucos metros da minha casa, acordadão a noite e descabelado na foto, foi atraindo minha atenção aos poucos. Me fascinava o fato de ele estar sempre escrevendo a tal da tese, de madrugada porque era notívago, e de ele saber cozinhar, coisa que eu não sei e que sempre valorizei nos homens, nem que seja fazendo uma canja. Tinha também o atrativo da disposição dele de sair a qualquer hora da madrugada em vista de uma boa proposta de diversão.
Cara low profile, nunca quis que fôssemos contato no Facebook... sempre falava que, por enquanto, era melhor deixarmos as coisas como estavam, conversando, nos conhecendo virtualmente... puta azar - ou sorte? - que não vai ver a divulgação do texto sobre a sua pessoa. Há!
Após alguns meses de troca de informações, resolvemos enfim nos encontrar. E foi um encontro bem casual, de acordo com nossas personalidades. Conversando de madrugada, nos perguntamos o que estávamos fazendo - ele pra variar escrevendo a porra da tese, e resolvemos: daqui meia hora na Vila Madalena.
Beleza, ele veio de carro, eu também, e como estava um trânsito desgraçado na Vila, ele deixou seu carro numa esquina qualquer, encontrando comigo no meio da rua. Passei de carro, vi a figura descabelada e buzinei. Estacionamos meu carro e ele sugeriu um bar, com música ao vivo, estilo descolado, sambinha de roda, bem perto de onde moro. Fomos a pé. 
Chegando no bar, ele me conta que é habitué do lugar, e qual não foi minha surpresa quando após pegarmos as bebidas o cara me fala "olha, me espera aqui no balcão que eu vou lá falar com um pessoal que eu conheço e já volto". Fazer o que... esperei. Deu uns minutos o cara volta, fica 5 segundos comigo sem trocar palavra, e fala "peraí que eu vou no banheiro". E assim passou a noite, circulando no bar em busca de conhecidos ou indo ao banheiro. De duas, uma: ou o cara tava com uma puta caganeira, ou tinha arrumado maconha. Porque não é possível alguém de 40 anos fazer isso com outro alguém de 40 anos.
Pô, se o cara não gostou de mim, vamos num café, inventa que tem a porra da tese pra terminar e acabamos logo com o sofrimento! Agora, se o cara quer ir no bar do qual ele é habitué e me leva junto, e se comporta desse jeito, ele só tem desculpa se tiver um distúrbio mental. 
E assim passamos a noite... o cara se cagando no banheiro e/ou fumando maconha, e eu fazendo amizade com um pessoal encostado no balcão, e amaldiçoando cada segundo em que eu não estava na minha cama abraçada com a minha cachorra embaixo das cobertas naquela noite gelada.
Por fim o cara me fala "olha, vamos pagar a conta porque o bar vai fechar daqui a pouco e fica a maior fila pra pagar depois". Aí eu fui né... pagamos e eu perguntei pro descabelado "e aí, vamos embora?".
E aí vem a melhor parte!!!! O cara simplesmente vira pra mim e fala: "acho que eu vou ficar". Ouviram bem? "Acho que EU vou ficar!!!", e não nós!, muito menos me perguntou se eu queria ficar também. Claro que eu não queria, mas só para lembrar, a gente tinha ido a pé pra porra do bar! E já eram mais de 3 horas da manhã! 
O que aconteceu? O óbvio! Dei meia volta, obviamente não consegui um taxi, e fui caminhando até meu carro por alguns quarteirões às 3 horas da madruga junto com os bêbados e as putas.
Foi ótimo! Um programa espetacular!!
Qual não foi minha surpresa quando algumas semanas depois eu encontro com o infeliz na sinagoga... era Yom Kipur, sinagoga lotada, mas ele me viu. E qual não foi minha surpresa maior ainda quando ele veio falar comigo, descabelado como sempre, como se fosse meu amigão! Incrível!!
Eu perdi alguma coisa nesse processo de evolução, mas tenho certeza de que encontraria essa coisa muito bem se tivesse me especializado em psiquiatria!
Só sei que quando me lembro desses caras todos, me aflora uma fissura religiosa e eu levanto as mãos para o céu e agradeço imensamente o fato de ainda estar solteira!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

O OUTRO LADO DA MOEDA: UMA VERSÃO MASCULINA! - Por Guimel Mem

Nós geralmente nos compadecemos das mulheres quando têm seus intentos e experiências românticas frustradas por homens insensíveis, pouco inteligentes ou absolutamente "sem noção". Não obstante, gostaria de relatar-lhes o outro lado da moeda.
Todos devem estar se perguntando qual a razão para tamanho acinte ao politicamente correto, já que apreciar histórias estereotipadas é geralmente mais divertido. Mas vamos que vamos! Encontros românticos devem ocorrer entre no mínimo duas pessoas, salvo gostos mais extravagantes, o que não é o caso. A história é entre uma turista de origem russa, chamada Olga, e eu! Não que me lembre de seu nome verdadeiro, mas como ela é russa e acho que tem cara de Olga, decidi chamá-la dessa maneira.
Um tempo atrás, eu estive em Nova York e, como toda pessoa da classe Y, não resisti a uma liquidação e comprei um blazer muito bonito, o qual me deu ares de pessoa mais importante do que eu realmente era. Classe Y? O que é isso? Vocês certamente estarão perguntando-se . O certo é classe C. Classe C, viu?? Por que classe Y? Bem, é que como dizem que houve um avanço sócio-econômico no Brasil, penso que o certo seja classe Y, já que é a letra imediatamente anterior à letra Z. Depois, claro, da reforma ortográfica! Bem, como nossos políticos e a maioria do pessoal da mídia ignoram muitas coisas, estou certo de que ignoram também o alfabeto português. Eles dizem classe C porque só sabem soletrar até esta letra; se soubessem soletrar todo o alfabeto, certamente, nós humildes trabalhadores, portadores do passaporte verde, embora atualmente travestido de azul, seríamos cotados como sendo membros da classe Y.
Passado certo tempo após retornar a Israel, vesti meu lindo blazer e embarquei em um avião da Lufthansa, saindo de Tel-Aviv (não, Tel-Aviv não quer dizer televisão ao vivo) com destino à Frankfurt, na Alemanha. Meu destino final era o Rio de Janeiro. Ah que bonito o RJ‼
Como qualquer homem normal, e principalmente, Sul Americano, fiquei torcendo para que uma mulher bonita e solteira se sentasse a meu lado. Bingo! Às vezes a sorte está do nosso lado e o mundo conspira a nosso favor!
Ela era solteira, muito comunicativa e sorridente e … bem, na verdade, não tão bonita assim … mas considerando que teríamos um vôo de aproximadamente cinco horas, achei por bem relevar este detalhe. Ah… a monotonia de viajar fechado em um avião ficara para trás!
Olga e eu nos divertíamos falando um pouco em hebraico, um pouco em russo e na maior parte do tempo em inglês. Pois é… eu aprendi algumas palavras e frases em russo; tive até duas namoradinhas russas, afinal de contas, há cerca de um milhão de russos em Israel e quem gosta de pratos internacionais, certamente fica tentado em experimentar a famosa carne russa! Então, a melhor maneira para conquistar esse cardápio é aprender um pouco do idioma. Sabe como é, não custa nada tentar agradar as mulheres e falar em seu próprio idioma, não é mesmo?
Entre um refrigerante e outro, Olga me contava que estava indo para os EUA e que havia pegado aquela conexão pela Alemanha. Eu lhe disse que estava indo visitar minha família e ver
se conseguia melhores oportunidades profissionais em solo Brasileiro, já que ninguém é de ferro, não é?
Quando estávamos prestes a aterrissar, trocamos endereços. Olga me passou seu endereço em Tel-Aviv e eu lhe passei o endereço de minha família no Brasil, já que intencionava ficar pelo menos três meses por aqui. Já Olga ficaria um tempo indeterminado em Nova York, tudo dependia de quão bem sucedida ela seria em arranjar trabalho por lá.
Pois bem, passado o tempo previsto, retornei a Israel e fui morar e trabalhar em um kibutz perto de Jerusalém. Passados cerca de dois meses que eu havia retornado a Israel, recebo uma carta de minha mãe e dentro desta carta havia um envelope com outra carta. O que seria? Um convite para alguma festa? Será que eu havia esquecido de algum documento importante? Ou seria um joguinho de montar? Não, não tinha mais idade para isso, então abri o envelope! Sim‼ Olga havia me escrito dos EUA e endereçado a carta à casa de minha família. Nesta carta ela mencionava nosso aprazível vôo e dizia que retornaria a Israel em breve; que estaria em sua casa em Tel-Aviv e que se eu já tivesse retornado que ligasse para ela!
Conforme lhes contei, nessa época eu estava morando naquele kibutz e trabalhando na fábrica de pára-brisas à prova de balas. Alguém aqui já trabalhou em chão de fábrica? É duro, não? Aborrecido e exaustivo! Mas o que isso importava? Em breve eu estaria me divertindo com as histórias de Olga, e muito provavelmente degustando do cardápio russo, se é que me entendem…
Nessa época o uso de celulares era muito raro, e somente poucas pessoas faziam uso desse aparelho. Não era meu caso. Nem o de Olga! Mas dizem que quem tem boca vai a Roma, eu não queria ir a Roma, queria apenas ligar para Olga. Foi o que fiz! Pois, conversa vai, conversa vem, ela aceitou meu convite e veio visitar-me na sexta-feira.
Priviêt, Olga! Oi, Olga, em russo! Nos cumprimentamos e em seguida fomos para meu quarto para deixarmos sua mochila e para ela tomar um banho antes de irmos ao refeitório do kibutz para jantarmos. Refeitório? Sim, refeitório! Ou vocês pensam que estávamos em São Paulo, para irmos a um restaurante, hein?
Voltamos para o quarto e conversa vai, conversa vem, de repente, não mais do que de repente, já estávamos em uma confraternização intercultural! Devo confessar que minhas papilas gustativas esperavam mais daquele manjar russo, mas não me queixo não, afinal de contas, não seria educado! Ficamos juntos até sábado à noite e após, ela retornou à Tel-Aviv.
Eu trabalhava o dia inteiro na fábrica e como lhes disse, não tinha celular e tampouco telefone em meu quarto.
Então no domingo (em Israel domingo é dia útil), Olga telefonou para mim na fábrica. Vejam que engraçado: os telefonemas eram avisados por um sistema de alto falantes, diretamente da administração da fábrica...: GUIMEL, GUIMEL, TELEFONE‼! Sim, super discreto! Priviet Olga! Oi Olga! Tudo bem? … Ok, falamos semana que vem então! Paká! Tchau em russo! Ah eu sempre gentil…
Na segunda ela ligou de novo; uma vez… duas vezes… três vezes, porra! Então lhe pedi que não ligasse mais para a fabrica, já que não podia ser constantemente interrompido em meu trabalho, que isso não era bom para mim, que já estavam reclamando etc.
Terça -feira ela ligou de novo; uma vez… duas vezes… três vezes… Acho que naquela altura meu gerente já pensava em me transferir para o setor de telefonia… mesmo que esse setor ainda não existisse e talvez ficasse fora da fábrica… fora do Kibutz, talvez inclusive fora do país…
Assim que, conforme disse anteriormente que quem tem boca vai a Roma, fiz uso da minha e lhe disse gentilmente, que era muito ocupado e que naquele momento não queria namorar ninguém, meu foco era outro etc. Que ela, por favor, não me ligasse mais‼!
Vocês acham que fui insensível? Quem sabe, precipitado? Descortês? Não se preocupem, já que duas semanas após, ela apareceu no kibutz em uma sexta-feira, sem ser convidada e naturalmente, sem avisar.
Como eu não estava no quarto, estava na fábrica, claro! Mas minha vizinha, uma moça muito simpática, voluntária da Alemanha, recebeu Olga e convidou-a a ficar em seu quarto até que eu chegasse… Após dizer à minha vizinha que eu não tinha nada com isso e que não a receberia, não restou a simpática alemãzinha a gentileza de convidar Olga a dormir em sua habitação, já que era sexta-feira à noite e nesse dia, por ser Shabat, não tem transporte público… Olga ficou amiga de minha vizinha e me parece que, voltou uma vez mais a visitar o kibutz…
Pensem, portanto, duas vezes antes de se atirarem em uma liquidação e comprar um lindo blazer, e acreditem: não tem nada de mais em fazer uma viagenzinha de cinco horas, fechados em um avião, sem nada para fazer, ficando de bico fechado!
Mas se vocês não concordam comigo, chamem a Olga‼! Paká‼

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O VÉIO DA REPRESA

Mais uma história pro rol dos relacionamentos virtuais. Esta é do ano passado.
O véio da represa era um senhor dos seus 54 anos, que conheci - adivinha!!? - através de um site de relacionamentos virtuais.
Como tínhamos uma amiga em comum, logo combinamos de nos encontrar e nos conhecer pessoalmente.
Era um véio simpático, morador da zona sul de São Paulo, próximo à represa de Guarapiranga, um ex-rico. Cheio de maneirismos da época em que ainda tinha dinheiro. Sempre me contava histórias sobre seus amigos, alguns ricos, outros já pobres e doidos, e da forma como seu pai tinha perdido toda a fortuna da família. Ah! E de como ele trabalhava duro para manter um padrão, e sustentar a mãe, o irmão problemático, a irmã separada com seus 2 filhos, inclusive um sobrinho de 18 anos, o qual ele dava uns sopapos de vez em quando.
Era também ex-militar, que por desavenças na aeronáutica não conseguiu uma patente de brigadeiro, tendo de se contentar com uma patente menor até conseguir processar judicialmente todo o sistema para finalmente ser reconhecido como um grande oficial. Tinha mágoa disto, e de ser ex-rico, e de não poder mais ostentar como antes... mas me parecia um cara deveras conformado. Muito correto.
Fazia muita questão de me deixar bem claro o quanto bom filho ele era, levando sua santa mãezinha ao supermercado EXTRA todas as semanas, às vezes mais de uma vez por semana, e esperando pacientemente enquando ela fazia suas compras, com toda a boa paciência de um filho espetacular.
Ele era metade judeu por parte de mãe e agora que o pai havia falecido, estava voltando-se para a religião judaica, construindo elos de amizades com alguns religiosos e afins, para frequentar o métier.
Olha, na minha opinião esses são os piores dates. Os caras wanna be. Se bem que este até era, mas queria desesperadamente ser reconhecido como judeu. Fazia favores aos rabinos que conhecia, posava de bom moço judeu, ia à sinagoga, frequentava os eventos religiosos e puxava o saco de quem o colocasse numa posição de judeu praticante para dar uma satisfação de sua condição de origem e religiosa para a sociedade. Ou seja, um típico wanna be.
E nessas, ele procurava desesperadamente uma namorada judia.
É aí que eu entro.
Nos achamos, e com uma amiga em comum tudo ficava extremamente mais fácil.
Ele veio me buscar em casa, saímos e ele se mostrou extremamente cavalheiro, cordial, educado, com modos refinados. Gestos simples, que certamente ele devia ter praticado exaustivamente com a mãe, como abrir aporta do carro e andar pela rua do lado da calçada, foram despertando meu interesse.
Só uma coisa achava estranha, ele tinha o hábito de após sairmos para comer, me fazer pagar um café, ou um chocolate. Bom, alguma coisa eu tinha sempre que pagar. Mas relevei.
Pelo menos ele não tinha a mania, como o Véio do Rio (http://www.relacionamentosciberneticos.blogspot.com.br/2012/05/o-veio-do-rio.html), de andar sempre do meu lado esquerdo. Não me pergunte por que... só conheço duas criaturas que me acompanham obrigatoriamente pelo lado esquerdo: o Véio do Rio e a minha cachorra! No adestramento o certo é o animal andar do lado esquerdo do dono, então ela também tem essa mania.
Mas voltando ao assunto...
Após algumas saídas, eu estava bem travada em relação à novos conhecimentos. Minha habitual aversão ao contato físico andava a todo vapor, enquanto ele tentava decifrar o que se passava dentro da minha cabeça. Difícil, concordo, mas estávamos indo, num joguinho de sedução deveras interessante. Ele dizia que usava seu conhecimento de estratégia de guerra para me decifrar, e eu me divertia com aquilo, achando tudo muito interessante.
Um dia ele me convidou para uma festa na casa de uns amigos, todos mais velhos, mas um ambiente muito interessante, e devo confessar que achei até que estávamos criando alguma cumplicidade entre nós. Foi divertido, uma noite agradável.
Outro dia ele me acompanhou ao shopping, eu precisava fazer umas compras. Após o trabalho, ele me buscou em casa e fomos, lá pelas 19 hs ao shopping. Comprei o que precisava e não tendo jantado, logo pensei que iríamos comer alguma coisa ou pegar um cinema, enfim fazer um programinha de gente grande. Qual não foi a minha surpresa quando pouco antes das 20 hs ele me diz que precisava me deixar em casa pois tinha combinado de jantar com a mãe. Fiquei estupefata. Eu, no shopping, sem carro!, morrendo de fome, e o cara querendo me deixar em casa porque ia encontrar a mãe. Porra! Porque não avisou antes? Eu não precisava de companhia pra comprar um cobertor! Ninguém em sã consciência imagina que vai sair com um carinha (de 54 anos, diga-se de passagem) que está saindo há algum tempo e vai passar meia hora com ele no shopping só para comprar um cobertor! Né?? Bom, ele viu que eu estava com fome e me levou por fim para jantar. Mas só eu comi! Ele ia comer mais tarde com a mãe.
Bem, nos encontramos mais algumas vezes, jantamos, almoçamos, até que um dia na hora do almoço, muito agradável por sinal, combinamos de nos encontrar a noite. Eu pensei em sairmos a pé no bairro em que moro, que é cheio de restaurantezinhos e o convidei para me buscar em casa e conhecer meu apartamento. Nós não tínhamos nada um com o outro e eu juro por tudo que é mais sagrado como o convite não tinha segundas intenções. Só queria mostrar como eu moro, afinal gastei uma nota na reforma daquela porra de imóvel e adoro mostrar meu apartamento para os amigos.
Combinamos lá pelas 20 hs e ele me ligou próximo deste horário me dizendo que iria dar uma carona do Itaim à zona norte - uns 30 Km! para um amigo, na hora do rush!, e depois viria me encontrar. Eu pensei "ok" e fiquei em casa escrevendo um post para meu blog. Nem percebi o tempo passar. Após um tempo com o corpo doendo de digitar no notebook, fui verificar o horário: 21:30 hs! Fiquei imediatamente preocupada, será que havia acontecido alguma coisa? Liguei, nada. Liguei novamente depois de um tempo e ele atendeu, dizendo que estava com muita dor de cabeça e após deixar seu amigo na zona norte foi direto pra casa - na zona sul!! uns 50 Km!! E eu perguntei sobre a possibilidade de levantar o celular para me avisar que não viria, no que ele respondeu: eu ia ligar! mas estava com dor de cabeça... (ia ligar???). Tudo bem que o cara é da era pré-celular, mas acredito que ele saiba usar o telefone pra avisar que não vai aparecer!
Eu nem fiquei chateada que o cara não foi. Fiquei puta porque o cara não avisou! Não custava nada avisar! Ainda por cima um cara tão cavalheiro, tão educado? Será que ele surtou quando se mostrou cavalheiro ou quando foi extremamente deselegante?
Jekill and Hide.
E o pior, vendo que eu fiquei puta, ele fez o que? Sumiu! Incrível né?
Passados uns dias, foi meu aniversário. E ele reapareceu para falar parabéns.
Eu, que na minha ingenuidade sempre acho que posso ter passado do ponto, resolvi agir com mais delicadeza e dar uma nova chance para nós. Ele me parecia ainda interessado. E apesar de não sentir nenhuma atração física por aquele senhor, eu até pensei que de repente ele podia ser uma boa companhia, um cara interessante para ter ao meu lado. E fiz a cagada monumental de dar uma nova chance para nós.
Fui almoçar com ele e depois marcamos de conversar sobre nós, sobre o que havia acontecido até ali, de acertar as arestas. Combinamos um jantar e adivinha o que aconteceu? Isso mesmo pessoal!! Ele não apareceu e
Eu até liguei para saber por que ele não apareceu, já que me deixou esperando. E adivinhem mais uma vez???? Ele estava com quem??? com quem???? Issooooooo!!! Com a mãe!!! Voltando de uma porra de um jantar de shabat na casa de um dos religiosos de saco já bem puxado naquele dia.
Pensando bem, agradeço a Deus todos os dias pela sorte que tive! Foi Deus que mandou ele para a casa do religioso e tirou o estrupício do meu caminho num bonito dia de shabat.
E assim termina a histório do véio da lagoa.
Sem continuidade porque eu nunca mais vi este senhor. Deve estar com a mãe né!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O VÉIO DO RIO

Mais um capítulo para a série de relacionamentos virtuais.
Este senhor que eu conheci até que não era dos piores. E não tinha nenhuma semelhança com a novela Pantanal - apenas me aproveitei do título.
Um cara de meia idade, já beirando os seus 56 anos, viúvo, com muita vontade e disposição para iniciar um relacionamento, mesmo que à distância. Louvável.
Como o próprio título diz, ele era do Rio. Muito simpático, gostava mesmo era de conversar pelo telefone.
E é aí que entra o ponto de ruptura inicial. Eu detesto conversar pelo telefone.
Fico agoniada quando a conversa se estende para além da minha cota de paciência diária. Mas sou extremamente transparente. Eu falo tchau, eu aviso, eu dou plenos sinais de que não quero mais falar.
O problema é que as pessoas não ouvem os sinais. Não enxergam o que não querem ver. São tão egoístas e manipuladoras que acham que conseguem o querem por insistência, do jeito delas.
Bom, as primeiras conversas até que foram agradáveis.
Só fiquei puta mesmo no dia em que tendo avisado da minha aversão a longas conversas no telefone, ele me liga, no meio de meus ínfimos 4 dias de descanso no Guarujá, para onde havia viajado sozinha com o intuito de ter justamente um pouco de paz, e fica cerca de 50 minutos numa ligação interurbana, conversando sobre amenidades desinteressantes.
E é engraçado isso. Quando você não quer conversar, a pessoa consegue acertar justamente as horas em você menos pode falar. E ele ligava quando eu estava no banho, quando estava em reuniões importantíssimas de trabalho, e invariavelmente quando o viva voz do carro estava quebrado e eu não podia atender. Acho que é um dom que a pessoa possui de ligar nos piores momentos. Vai ver nem é uma coisa ruim, mas aquele que é acionado por via telefônica nestes piores momentos certamente tem um ímpeto assassino que dependendo da ocasião pode se transformar numa situação de difícil controle.
E olha, eu sou um docinho. Eu não sou grossa com as pessoas nem nada, mas um pouco de respeito à opinião alheia acho fundamental.
Outro dia minha mãe disse que me ouviu gritando no telefone com um cara o qual eu estava saindo (o Casagrande - http://relacionamentosciberneticos.blogspot.com.br/2012/05/o-casagrande-do-bom-retiro.html). Mas é claro que eu gritei! Depois de falar trezentas vezes com a voz calma, não tem boa alma que aguente. E depois falam que sou estúpida. Mas eu não sou! Juro!
Bom, o véio do Rio veio pra cá, para me conhecer. Combinamos que ele passaria um fim de semana por aqui.
Fui buscá-lo numa 6a feira a noite e saímos para um café. Agora me diz: por que um cara, de 56 anos, que conhece virtualmente alguém, acha que tem o DIREITO de sair com essa garota de mãos dadas num primeiro encontro e de ficar (argh!!) pegando na mão da pessoa e fazendo (ecaaa!!!) carinho. É óbvio que eu reagi mal a tais investidas. Não gosto que ninguém me encoste, ainda por cima um cara que nem conheço.
Muito bem, já desapontei o véio logo de imediato com a minha repelência. Mas fui delicada, não deixei de dar atenção, levei passear, ao shopping, ao cinema, e ele sempre tentando me encostar.
Aí me pergunto: será que a idade não lhe deu percepção? Será que a pessoa quer tanto uma coisa que fica cega aos sinais? Será que ele não percebeu que NÃO DEU LIGA?
A resposta é: NÃO. Não percebeu.
E assim passamos um fim de semana de merda. Eu levando o cara passear, fazendo sala, mais por respeito do que por qualquer outra coisa e o cara tentando até o último minuto me encostar (argh!).
Até que no domingo, antes de levá-lo ao aeroporto ele finalmente soltou: "confesso que fiquei um pouco chocado com seu jeito", e "devo lhe dizer que você me parece uma pessoa triste".
Meu, alguém pode ficar feliz com um véio que você mal conhece tentando te comer durante um fim de semana inteiro? e você só na esquiva?!!
Cara, é por isso que eu digo: tá foda encontrar alguém legal. Difícil mesmo.
Bom, o cara voltou pro Rio, e não pensem vocês que ele parou de me ligar. É, pessoal! Continuou ligando, tentando, falando: "olha, eu sumi por uns dias porque fui pra Argentina". Cara, eu nem tinha percebido que ele tinha sumido. Será que não dá pra perceber que a outra pessoa não tá caminhando ao seu lado? Esse é o tipo de cara que deixa o cachorro da Tia Edna preso no para-choque, com o diferencial que o Chevy Chase era pelo menos engraçado.
Um dia derradeiro ele me ligou. Pra variar, eu estava, é claro!, ocupadíssima. Atendi toda esbaforida, e era ele "terminando" nosso relacionamento. Disse que falaria muito rápido, que eu ouvisse mesmo estando ocupada. Eu mereço isso??!!! Ele ligou pra dizer que não ia mais ligar e ia apagar meu nome do seu msn (ai meu Deus!). E que foi muito legal o tempo que passamos nos falando e que quando eu fosse ao Rio ele estaria à disposição. E ainda que ele deveria ter me conhecido no tempo em que eu supostamente era do balacobaco, porque ele ainda é! - balacobaco?!! E eu no meio de uma reunião de trabalho importantíssima.
Bonito, mas totalmente desnecessário né!
Só posso dizer, em um filetinho de respeito que ainda me resta pelo véio, que logo nos primeiros contatos me pediu o número de um "fixo" (sinal derradeiro de mau agouro em qualquer relacionamento!):
- Véio, na boa, taí mais uma conta de telefone que poderia ter sido evitada!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O CASAGRANDE DO BOM RETIRO

Continuando minha série sobre relacionamentos, penso sinceramente que eu deveria construir um videoblog. Porque existem coisas que merecem ser contadas, pois são impossíveis de se escrever. Entonações de voz, nuances, são difíceis de se retratar, mas vou tentar.
Há algumas semanas conheci este rapaz, 39 anos, que me foi indicado por minha irmã. Ele havia escrito no perfil dela de um site de relacionamentos que por descuido continuava "on". E como ela já estava num relacionamento sério, me direcionou o infeliz.
Saímos.
O primeiro encontro foi ótimo, cheio de risadas e conversas light, me pareceu uma pessoa bem interessante. Ele falava com a voz do Casagrande, mas até aí ninguém é perfeito né?
Não era um rapaz bonito, meio gordo, careca, vinha de boné, pessimamente vestido, mas tem homem que é descuidado mesmo, e eu não me importo muito com isso à primeira vista. A conversa foi boa, fomos numa doceria, ele pagou a conta. Combinamos de nos encontrar novamente.
Alguns dias depois ele me liga e marcamos novo encontro. Todavia, como eu estava na casa da minha mãe, no subúrbio - uns 20 Km do centro da cidade - ele declinou do encontro e marcamos um jantar para o dia seguinte. Fomos num restaurante japonês e ele saiu reclamando um pouco da conta que tinha dado cerca de 50,00 reais para cada um.
É claro que eu acho que o homem tem de pagar a conta! Não é pelo dinheiro, mas sim pela gentileza. É o papel dele, do macho. Se bobear eu pago jantar pra ele e pra família toda em Paris, mas não acho pertinente nos primeiros encontros que se divida nada!
Também acho sinal de mau agouro quando o cara te liga no celular e pergunta qual é a sua operadora, para saber o quanto vai custar a ligação. Ou pior: pergunta se tem algum "fixo" em que possamos continuar a conversa! É o fim da picada. O prenúncio de um relacionamento destinado ao fracasso.
Mas como sempre eu ignoro os sinais. E sigo em frente. Na verdade eu não faço mais isso... mas naquela ocasião, eu ignorei bonito.
Passados mais uns dias ele me ligou para um novo encontro. Sairíamos num sábado a noite. Uau! Horário nobre! Adoro. Combinamos de nos falar após o meu trabalho de sábado para um cinema ou um jantar, e ele me ligou, em horário totalmente compatível - à tarde - de gente civilizada que quer combinar de verdade um encontro para a noite. Conversa vai e conversa vem, ele me propõe um cinema, na minha sala de cinema favorita, na Avenida Paulista! E, (descobri depois) sem ter visto nem sequer se o filme que iríamos ver estava passando lá, me propõe o seguinte (com a voz do Casão): "olha, vamos no Reserva Cultural, na Paulista, mas é o seguinte, acho melhor você ir de carro". Fiz um pequeno silêncio e perguntei "mas vamos sair sábado a noite em dois carros?" e ele logo emendou: "é porque da onde eu estou, é melhor eu pegar o metrô". Aí eu disse que ia pensar e, achando tudo aquilo muito estranho, desliguei o telefone.
Algumas horas depois ele me liga novamente e eu, que já tinha desanimado de sair com aquela magnífica proposta de divertimento, tinha ido para a casa da minha mãe, um pouco distante de São Paulo, mas perfeitamente dentro do expediente, principalmente num sábado a noite onde não há tanto trânsito para se chegar lá. E novamente com a voz do Casão: "sabe o que é 'Alicê', é que no sábado a noite tem muito trânsito, 'Alicê', onde você mora, 'Alicê', e eu não suporto ficar no trânsito, 'Alicê'"... Era isso mesmo: cada frase vinha recheada de trezentas menções ao meu nome, no início, no meio e no fim, e tudo isso com a voz do Casagrande.
Aí eu falei com toda a delicadeza que por ser mulher e estar cansada de trabalhar no sábado o dia inteiro, achava de bom tom que ele viesse sim me buscar, pois não era tão longe minha casa da dele, e perguntei - ainda com toda a delicadeza! - por que ele achava pertinente que eu ficasse no trânsito de São Paulo sozinha, dentro do meu carro, dirigindo, enquanto ele ia de metrô?. Nem cogitei o fato de que muito provavelmente EU é que o levaria para casa após o cinema (no meu carro!), fato este que estava louco para sair gritando pra fora, que nem um pinto com vontade de mijar.
Desculpe a grosseria.
Diante dos fatos e da cagada monumental que se personificou na sua forma demenciada de pensar, ele prontamente se colocou a favor de me buscar em casa. Só que aí eu estava na casa da minha mãe - só pra dificultar um pouquinho. E sábado a noite devo confessar que é muito melhor sair onde moram meus pais, não tem trânsito, nem filas, tem 2 shoppings, cinemas a vontade, e é um lugar bem bonito.
Bom, nem preciso dizer que o cara não veio né? Ele me disse no próprio sábado que só tinha vindo pra estes lados onde moram meus pais uma única vez, e que apesar de ser um lugar muito bem sinalizado e conhecido, estava com medinho de se perder, pois a única vez que ele tinha vindo aqui foi com a sua própria mãe ao volante. Como sair com a mãe dele estava fora dos meus planos, mesmo que de motorista, cancelamos tudo.
Neste dia fiz um dos programas mais legais dos últimos tempos, fui para São Paulo novamente ouvir soul music num barzinho lotado, cheio de gente bonita, na Vila Madalena. Depois, claro, voltei para a casa dos meus pais no subúrbio, o que não foi nenhum sacrifício. E dirigindo!
Como sou insistente, ainda encontrei o Casa mais uma vez. Ele foi me buscar em casa, em São Paulo, para tomarmos um café, mas olha que infelicidade: seu carro quebrou bem em frente da minha casa, me obrigando a convidá-lo para subir e fazer o café eu mesma. Aí ele veio com uma conversa assim: "vamos pro Guarujá 'Alicê'? É tão bom o Guarujá 'Alicê'! Eu fui pra lá essa fim de semana 'Alicê'! Fiquei numa hospedaria 'Alicê', muito boa 'Alicê'".
Aí eu perguntei: "mas se eu for, onde a gente vai ficar?", no que ele respondeu gaguejando "m-ma-mas o se-seu  pa-pai num tem apartamento lá?". Aí não perdi a deixa: "me-meu pa-pa-pai te-tem si-sim, e eu vou ficar lá. Quero saber na verdade onde é que VOCÊ vai ficar?".
Aí eu me pergunto: POR QUE EU NÃO PRESTO ATENÇÃO AOS SINAIS? por que insisto com coisas fadadas ao insucesso? e onde é que fabricam estes tipos de pessoas meu Deus? De duas uma: ou eu não pertenço a este planeta, ou estas pessoas definitivamente não são daqui! não é possível que exista gente assim.
E para finalizar tenho de confessar que o Casa continuou me ligando. A semana toda, mesmo eu dizendo que não queria mais sair com ele. Aí ele estava tão disposto a sair, que vinha me buscar até no inferno se eu quisesse. E quando eu comecei a enumerar os diversos motivos pelos quais eu não queria mais sair, ele me disse com todas as letras - e não é brincadeira! - que não queria me buscar na casa dos meus pais naquele dia fatídico porque pensava que eu iria colocá-lo para dentro de casa e apresentá-lo à toda minha família!
Meu Deus meu Deus meu Deus!
Meus pais estavam até viajando naquele dia, e de onde é que uma criatura em seus sentidos normais, pensa (pensa?) uma coisa dessas? Por que eu faria isso? Apresentar uma pessoa que mal conheço à minha família? Colocar um cara que só fala merda e com a voz do Casagrande! (nada contra o Casa hein), para dentro da casa dos meus pais e apresentá-lo como o que?
Puta que o pariu! Ou eu perdi alguma coisa, ou o mundo está povoado de alienígenas com déficits cognitivos.
Socorro!!!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

DELANEY - O SR. GOSTOSO

Iniciando minha série sobre namoros virtuais e blind dates, venho por meia desta atualizar este tema, chegando cheia de novidades para este ano de 2012 que mal começou. Informo também que tendo em vista os últimos acontecimentos, é muito, mas muito mesmo! provável que eu deixe de escrever sobre este tema, devido ao grande desgaste psicológico que envolve a coleta de material.
Gostaria de ser breve em cada historícula - misto de história + ridícula - que coloco a público, sempre preservando, claro, a identidade dos envolvidos. Não sei se conseguirei.
Pois bem. Há quase 6 meses ando me correspondendo com Delaney (gostaram desta hein! um grande viva para o fantástico Groucho Marx!). Ele mora em outra cidade, então nunca nos vimos. Um homem encantador, lindo. Colocamos câmeras nas nossas internets para nos vermos e microfones para conversarmos ao vivo. Que voz! Fomos conversando e nos envolvendo, e aos poucos ele foi me contando sobre sua vida, sua rotina, seus amigos... ao longo de seis meses fui ouvindo e acredito que quando a história é contada aos poucos, nós tendemos a não questionar e achar que é verdade. Por exemplo, quando eu tinha 8 anos, minha avó me contou a história do E.T. em 4 capítulos, e eu até bem pouco tempo atrás achava que o filme se baseava em fatos reais.
Ele morava com a mãe. Uma das primeiras imagens que vi na minha tela foi a da própria mãe, uma mulher simpática, idosa, a cara da minha Tia Miriam. Ela sempre vinha na webcam e me dava um tchauzinho, muito fofa. Fiquei pensando naquelas mulheres idosas, escoladas, chefes de verdadeiras gangues, mas resolvi deixar de lado minha veia poética e acreditar que aquela era a mãe mesmo.
Depois de algumas semanas ele me contou que o pai era falecido, a irmã também, e o sobrinho, um cara jovem, mas com problemas com drogas e com a polícia, estava sob os cuidados dele, dando um trabalho desgraçado. Delaney tinha então que cuidar da mãe e do sobrinho, sustentando a família toda com a renda de uma loja de jóias, do tipo feitas por encomenda.
Conversa vai e conversa vem, ele me conta a história fantástica sobre seu último relacionamento. Uma mulher linda a Sra. No. Casada, eles eram amantes. Um dia ela resolveu se separar, mas não tinha pra onde ir. Resultado: bateu na sua porta e ele, sentindo-se responsável pela criatura, deu-lhe guarida.
Foi aí que entendi que moravam na mesma casa: ele, a Sra. No e a mãe, tendo o sobrinho como hóspede temporário, de passagem fazendo escala entre e cadeia e a clínica de reabilitação.
As coisas entre Delaney e a Sra. No iam mal. E ele me confessou que, apesar de nunca termos nos visto, ele começava a desenvolver um sentimento especial por mim. O problema da Sra. No era justamente esse. Ela não assumia, nem para a sociedade e nem para os filhos que estava num novo relacionamento. Sempre que encontravam com algum conhecido ela dizia que eles eram apenas amigos e assim a coisa ia aos trancos e barrancos.
Adorável este Delaney. Eu fui acreditando em tudo!
Passados mais algumas semanas, a situação de estresse em casa, a mãe que vira e mexe tinha um peripaque, o sobrinho, e a falta de grana mesmo com a loja, ele me diz que sua coluna travou. O convênio havia negado o exame necessário para o diagnóstico e ele não sentia sua perna esquerda. Incrível. Que vida Sr. Delaney! Mais uns dias e ele descobre finalmente que tem uma hérnia de disco, mas milagrosamente fica bom e volta às suas atividades normais, físicas e laborativas, sem maiores sequelas. Ufa! que susto.
Como conversávamos quase que diariamente, fiz um levantamento perguntando sempre onde ele estava quando falava comigo. Qual não foi a minha surpresa ao receber constantemente a resposta: "estou em casa" ou "acabei de chegar em casa!", isso às 14, 15, 16 horas, ou "hoje não fui trabalhar". E eu achando normal!
Combinamos várias vezes de nos encontrar neste meio tempo. O sentimento aumentando, as conversas fluindo, nós nos conhecendo cada vez mais, e a vontade de nos encontrar se elevando em progressão geométrica. Eu sempre apoiando, ele se lamentando. E não é que SEMPRE acontecia alguma coisa que atrapalhava nossos planos. Ou era a mulher, a Sra. No, ou era a mãe ou era o sobrinho, que de uns tempos pra cá parou de existir - talvez por um erro de continuidade.
Um dia ele me contou que foi adotado! Imagina só, adotado! A sua mãe verdadeira havia morrido no parto, e por ser o filho bastardo de um juiz ele foi abandonado por sua família de sangue. Não sei como foi que uma família de judeus resolveu adotar esta criança, me lembro vagamente de ele ter falado que seus pais adotivos haviam perdido um filho, ou algo assim. O fato é que chegaram a ele e o adotaram, criando a criança como judeu, fazendo inclusive todos os rituais religiosos pertinentes.
Bom, tem o fato também de ele ter sido casado, ou juntado, ter tido 2 filhas, uma das quais ele nunca tem notícias - parece que mora na Itália. E de ele ter saído do Brasil há alguns anos para passar uma temporada na Alemanha que durou quase 10 anos. Não sei por que saiu nem por que voltou, ficou meio nebuloso. Ah!! E tudo isso sem a úvula!! Extraída após uma namorada ter notado uma insuficiência respiratória (penso que dele) durante o sono.
Agora com a mãe velhinha ele diz querer ficar e cuidar dela até o fim.
Bom, há algumas semanas, com a viagem para São Paulo marcada, vocês não vão acreditar no que aconteceu! A polícia invadiu o estabelecimento comercial dele e confiscou todo o ouro que ele usava para confeccionar suas jóias! O ouro não tinha procedência, mas ele me garantiu que não trabalhava ilegalmente. O prejuízo foi enorme, e ele já não sabia mais quando é que íamos nos encontrar. Sua vida havia virado de pernas para o ar novamente.
Neste meio tempo ele estava cogitando comprar um taxi para aumentar sua renda, mas me parece que ele mesmo ia ser o motorista do taxi, ou pelo menos foi isso que entendi.
Ah! Ele tem também um amigo, seu melhor amigo, que vai se casar com uma moça que ele mal conhece e que mora em Belo Horizonte! Delaney me contou isso cheio de desgosto pela situação, mas à medida que foi declarando seu amor por mim, foi glorificando as escolhas do amigo e recentemente dizia-se muito feliz pelo amigo ter encontrado uma moça bacana. No início a moça era não bacana, no fim ela era super! O amigo também tem problemas de saúde.
Até aqui começo a desconfiar que ter problemas de saúde é um elemento de praxe, básico, para podermos lançar mão de procedimentos médicos e hospitais quando oportuno.
Bom, agora tinha: a mãe, a Sra. No, o sobrinho, a loja confiscada, o amigo doente, e o fato de ele ficar paralizado da cintura pra baixo toda vez que ficava nervoso!
Até que semana passada veio a derradeira.
Ele tinha que ir a Curitiba, passando por São Paulo para me conhecer, onde ficaria 2 dias. Vinha com um amigo, o dono do bar da esquina, que era também o dono do carro em que viajariam. Me pediu inclusive para checar um hotel muito do vagabundo em que estava pensando em se hospedar. Em Curitiba não haveria problema porque eles ficariam num Motel na periferia, super seguro! e muito mais em conta!!!
Fui dar uma olhada então nos seus amigos de msn, em sua página de perfil. Não custava nada checar né?! Descobri que ele tinha contato com várias mulheres que se intitulavam "Fulano Casados", "Doce Ciclano", "Especiais do Borogodó", entre outras, com fotos de perfil para lá de sensuais. Putaria explícita. Mas até aí, vai ver que é só uma tara de Delaney. Afinal homem tem dessas coisas pornográficas né.
Bom, tudo combinado na mais perfeita normalidade para nos encontrarmos semana que vem, e ele me diz: você não imagina o que aconteceu! E é claro que eu não podia mesmo imaginar, depois de tantas coisas. Enfim, o amigo dele, que alugava sua casa em Curitiba, havia morrido de repente, aos 40 anos, de um infarto fulminante! E tudo isto naquela semana!! Ele tinha então que ir correndo a Curitiba pois a mulher do amigo, que aí já não era bem sua amiga, estava ocupando a sua casa e ele queria ela fora de qualquer maneira. No que eu perguntei "mas não tem um contrato de aluguel???". Ele me disse que tinha, mas que ia até lá tirar a mulher a força e fazer justiça com as próprias mãos.
Tudo isso em caráter de urgência, pois tinha que retornar ao Rio antes do dia 6 de março para prestar o concurso da polícia civil, que estava garantido sob uma liminar da justiça. Seu sonho era ser policial!
Entre parênteses não posso esquecer de mencionar a mãe, que também havia passado mal naquela semana por ocasião de seu aniversário. Quando eu perguntei se ele a havia levado ao hospital, ele me disse que não, mas prontamente me respondeu que havia chamado o médico em casa - raciocínio rápido hein Delaney!, ficando o último final de semana exclusivamente por conta disso. Não deixando contudo de comparecer a uma festinha de aniversário de uma colega da academia na qual só haviam mulheres, mas que estava ruuuuiiiiiimmmm...
Resultado: tinha a mãe, a Sra. No, o sobrinho drogado, o concurso para a polícia militar, digo, civil, o amigo morto aos 40 anos, o outro com a saúde debilitada indo se casar em outra cidade, a futura mulher do amigo que parecia não ser de todo uma boa pessoa, o roubo do ouro, o taxi, e é claro, não posso me esquecer do fato de ele ficar paralizado da cintura pra baixo toda vez que ficava nervoso!...
E a velha a fiar...
E por fim, EU, até agora eu acreditando em tudo! Adoro histórias bem contadas. Nunca me esqueço do E.T.