quinta-feira, 10 de maio de 2012

O VÉIO DO RIO

Mais um capítulo para a série de relacionamentos virtuais.
Este senhor que eu conheci até que não era dos piores. E não tinha nenhuma semelhança com a novela Pantanal - apenas me aproveitei do título.
Um cara de meia idade, já beirando os seus 56 anos, viúvo, com muita vontade e disposição para iniciar um relacionamento, mesmo que à distância. Louvável.
Como o próprio título diz, ele era do Rio. Muito simpático, gostava mesmo era de conversar pelo telefone.
E é aí que entra o ponto de ruptura inicial. Eu detesto conversar pelo telefone.
Fico agoniada quando a conversa se estende para além da minha cota de paciência diária. Mas sou extremamente transparente. Eu falo tchau, eu aviso, eu dou plenos sinais de que não quero mais falar.
O problema é que as pessoas não ouvem os sinais. Não enxergam o que não querem ver. São tão egoístas e manipuladoras que acham que conseguem o querem por insistência, do jeito delas.
Bom, as primeiras conversas até que foram agradáveis.
Só fiquei puta mesmo no dia em que tendo avisado da minha aversão a longas conversas no telefone, ele me liga, no meio de meus ínfimos 4 dias de descanso no Guarujá, para onde havia viajado sozinha com o intuito de ter justamente um pouco de paz, e fica cerca de 50 minutos numa ligação interurbana, conversando sobre amenidades desinteressantes.
E é engraçado isso. Quando você não quer conversar, a pessoa consegue acertar justamente as horas em você menos pode falar. E ele ligava quando eu estava no banho, quando estava em reuniões importantíssimas de trabalho, e invariavelmente quando o viva voz do carro estava quebrado e eu não podia atender. Acho que é um dom que a pessoa possui de ligar nos piores momentos. Vai ver nem é uma coisa ruim, mas aquele que é acionado por via telefônica nestes piores momentos certamente tem um ímpeto assassino que dependendo da ocasião pode se transformar numa situação de difícil controle.
E olha, eu sou um docinho. Eu não sou grossa com as pessoas nem nada, mas um pouco de respeito à opinião alheia acho fundamental.
Outro dia minha mãe disse que me ouviu gritando no telefone com um cara o qual eu estava saindo (o Casagrande - http://relacionamentosciberneticos.blogspot.com.br/2012/05/o-casagrande-do-bom-retiro.html). Mas é claro que eu gritei! Depois de falar trezentas vezes com a voz calma, não tem boa alma que aguente. E depois falam que sou estúpida. Mas eu não sou! Juro!
Bom, o véio do Rio veio pra cá, para me conhecer. Combinamos que ele passaria um fim de semana por aqui.
Fui buscá-lo numa 6a feira a noite e saímos para um café. Agora me diz: por que um cara, de 56 anos, que conhece virtualmente alguém, acha que tem o DIREITO de sair com essa garota de mãos dadas num primeiro encontro e de ficar (argh!!) pegando na mão da pessoa e fazendo (ecaaa!!!) carinho. É óbvio que eu reagi mal a tais investidas. Não gosto que ninguém me encoste, ainda por cima um cara que nem conheço.
Muito bem, já desapontei o véio logo de imediato com a minha repelência. Mas fui delicada, não deixei de dar atenção, levei passear, ao shopping, ao cinema, e ele sempre tentando me encostar.
Aí me pergunto: será que a idade não lhe deu percepção? Será que a pessoa quer tanto uma coisa que fica cega aos sinais? Será que ele não percebeu que NÃO DEU LIGA?
A resposta é: NÃO. Não percebeu.
E assim passamos um fim de semana de merda. Eu levando o cara passear, fazendo sala, mais por respeito do que por qualquer outra coisa e o cara tentando até o último minuto me encostar (argh!).
Até que no domingo, antes de levá-lo ao aeroporto ele finalmente soltou: "confesso que fiquei um pouco chocado com seu jeito", e "devo lhe dizer que você me parece uma pessoa triste".
Meu, alguém pode ficar feliz com um véio que você mal conhece tentando te comer durante um fim de semana inteiro? e você só na esquiva?!!
Cara, é por isso que eu digo: tá foda encontrar alguém legal. Difícil mesmo.
Bom, o cara voltou pro Rio, e não pensem vocês que ele parou de me ligar. É, pessoal! Continuou ligando, tentando, falando: "olha, eu sumi por uns dias porque fui pra Argentina". Cara, eu nem tinha percebido que ele tinha sumido. Será que não dá pra perceber que a outra pessoa não tá caminhando ao seu lado? Esse é o tipo de cara que deixa o cachorro da Tia Edna preso no para-choque, com o diferencial que o Chevy Chase era pelo menos engraçado.
Um dia derradeiro ele me ligou. Pra variar, eu estava, é claro!, ocupadíssima. Atendi toda esbaforida, e era ele "terminando" nosso relacionamento. Disse que falaria muito rápido, que eu ouvisse mesmo estando ocupada. Eu mereço isso??!!! Ele ligou pra dizer que não ia mais ligar e ia apagar meu nome do seu msn (ai meu Deus!). E que foi muito legal o tempo que passamos nos falando e que quando eu fosse ao Rio ele estaria à disposição. E ainda que ele deveria ter me conhecido no tempo em que eu supostamente era do balacobaco, porque ele ainda é! - balacobaco?!! E eu no meio de uma reunião de trabalho importantíssima.
Bonito, mas totalmente desnecessário né!
Só posso dizer, em um filetinho de respeito que ainda me resta pelo véio, que logo nos primeiros contatos me pediu o número de um "fixo" (sinal derradeiro de mau agouro em qualquer relacionamento!):
- Véio, na boa, taí mais uma conta de telefone que poderia ter sido evitada!

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