Continuando minha série sobre relacionamentos, penso sinceramente que  eu deveria construir um videoblog. Porque existem coisas que merecem  ser contadas, pois são impossíveis de se escrever. Entonações de voz,  nuances, são difíceis de se retratar, mas vou tentar.
Há algumas  semanas conheci este rapaz, 39 anos, que me foi indicado por minha irmã.  Ele havia escrito no perfil dela de um site de relacionamentos que por  descuido continuava "on". E como ela já estava num relacionamento sério, me  direcionou o infeliz.
Saímos.
O primeiro encontro foi ótimo,  cheio de risadas e conversas light, me pareceu uma pessoa bem  interessante. Ele falava com a voz do Casagrande, mas até aí ninguém é  perfeito né?
Não era um rapaz bonito, meio gordo, careca, vinha de  boné, pessimamente vestido, mas tem homem que é descuidado mesmo, e eu  não me importo muito com isso à primeira vista. A conversa foi boa,  fomos numa doceria, ele pagou a conta. Combinamos de nos encontrar  novamente.
Alguns dias depois ele me liga e marcamos novo  encontro. Todavia, como eu estava na casa da minha mãe, no subúrbio - uns 20  Km do centro da cidade - ele declinou do encontro e marcamos um jantar  para o dia seguinte. Fomos num restaurante japonês e ele saiu reclamando  um pouco da conta que tinha dado cerca de 50,00 reais para cada um.
É  claro que eu acho que o homem tem de pagar a conta! Não é pelo  dinheiro, mas sim pela gentileza. É o papel dele, do macho. Se bobear eu  pago jantar pra ele e pra família toda em Paris, mas não acho  pertinente nos primeiros encontros que se divida nada!
Também acho  sinal de mau agouro quando o cara te liga no celular e pergunta qual é a  sua operadora, para saber o quanto vai custar a ligação. Ou pior:  pergunta se tem algum "fixo" em que possamos continuar a conversa! É o  fim da picada. O prenúncio de um relacionamento destinado ao fracasso.
Mas  como sempre eu ignoro os sinais. E sigo em frente. Na verdade eu não  faço mais isso... mas naquela ocasião, eu ignorei bonito.
Passados  mais uns dias ele me ligou para um novo encontro. Sairíamos num sábado a  noite. Uau! Horário nobre! Adoro. Combinamos de nos falar após o meu  trabalho de sábado para um cinema ou um jantar, e ele me ligou, em  horário totalmente compatível - à tarde - de gente civilizada que quer  combinar de verdade um encontro para a noite. Conversa vai e conversa  vem, ele me propõe um cinema, na minha sala de cinema favorita, na  Avenida Paulista! E, (descobri depois) sem ter visto nem sequer se o  filme que iríamos ver estava passando lá, me propõe o seguinte (com a  voz do Casão): "olha, vamos no Reserva Cultural, na Paulista, mas é o  seguinte, acho melhor você ir de carro". Fiz um pequeno silêncio e  perguntei "mas vamos sair sábado a noite em dois carros?" e ele logo  emendou: "é porque da onde eu estou, é melhor eu pegar o metrô". Aí eu  disse que ia pensar e, achando tudo aquilo muito estranho, desliguei o  telefone.
Algumas horas depois ele me liga novamente e eu, que já  tinha desanimado de sair com aquela magnífica proposta de divertimento,  tinha ido para a casa da minha mãe, um pouco distante de São Paulo, mas  perfeitamente dentro do expediente, principalmente num sábado a noite  onde não há tanto trânsito para se chegar lá. E novamente com a voz do  Casão: "sabe o que é 'Alicê', é que no sábado a noite tem muito trânsito,  'Alicê', onde você mora, 'Alicê', e eu não suporto ficar no trânsito, 'Alicê'"... Era  isso mesmo: cada frase vinha recheada de trezentas menções ao meu nome,  no início, no meio e no fim, e tudo isso com a voz do Casagrande.
Aí  eu falei com toda a delicadeza que por ser mulher e estar cansada de  trabalhar no sábado o dia inteiro, achava de bom tom que ele viesse sim  me buscar, pois não era tão longe minha casa da dele, e perguntei -  ainda com toda a delicadeza! - por que ele achava pertinente que eu  ficasse no trânsito de São Paulo sozinha, dentro do meu carro,  dirigindo, enquanto ele ia de metrô?. Nem cogitei o fato de que muito  provavelmente EU é que o levaria para casa após o cinema (no meu carro!), fato este  que estava louco para sair gritando pra fora, que nem um pinto com  vontade de mijar.
Desculpe a grosseria.
Diante dos fatos e  da cagada monumental que se personificou na sua forma demenciada de pensar,  ele prontamente se colocou a favor de me buscar em casa. Só que aí eu  estava na casa da minha mãe - só pra dificultar um pouquinho. E sábado a  noite devo confessar que é muito melhor sair onde moram meus pais, não  tem trânsito, nem filas, tem 2 shoppings, cinemas a vontade, e é um  lugar bem bonito.
Bom, nem preciso dizer que o cara não veio né?  Ele me disse no próprio sábado que só tinha vindo pra estes lados onde  moram meus pais uma única vez, e que apesar de ser um lugar muito bem  sinalizado e conhecido, estava com medinho de se perder, pois a única  vez que ele tinha vindo aqui foi com a sua própria mãe ao volante. Como  sair com a mãe dele estava fora dos meus planos, mesmo que de motorista,  cancelamos tudo.
Neste dia fiz um dos programas mais legais dos  últimos tempos, fui para São Paulo novamente ouvir soul music num  barzinho lotado, cheio de gente bonita, na Vila Madalena. Depois, claro,  voltei para a casa dos meus pais no subúrbio, o que não foi nenhum  sacrifício. E dirigindo!
Como sou insistente, ainda encontrei o  Casa mais uma vez. Ele foi me buscar em casa, em São Paulo, para tomarmos um café, mas olha que infelicidade:  seu carro quebrou bem em frente da minha casa, me obrigando a convidá-lo  para subir e fazer o café eu mesma. Aí ele veio com uma conversa assim:  "vamos pro Guarujá 'Alicê'? É tão bom o Guarujá 'Alicê'! Eu fui pra lá  essa fim de semana 'Alicê'! Fiquei numa hospedaria 'Alicê', muito boa 'Alicê'".
Aí eu perguntei: "mas se eu for, onde a gente vai  ficar?", no que ele respondeu gaguejando "m-ma-mas o se-seu  pa-pai num tem  apartamento lá?". Aí não perdi a deixa: "me-meu pa-pa-pai te-tem  si-sim, e eu vou ficar lá. Quero saber na verdade onde é que VOCÊ vai  ficar?".
Aí eu me pergunto: POR QUE EU NÃO PRESTO ATENÇÃO AOS SINAIS?  por que insisto com coisas fadadas ao insucesso? e onde é que fabricam  estes tipos de pessoas meu Deus? De duas uma: ou eu não pertenço a este  planeta, ou estas pessoas definitivamente não são daqui! não é possível  que exista gente assim.
E para finalizar tenho de confessar que o  Casa continuou me ligando. A semana toda, mesmo eu dizendo que não  queria mais sair com ele. Aí ele estava tão disposto a sair, que vinha  me buscar até no inferno se eu quisesse. E quando eu comecei a enumerar  os diversos motivos pelos quais eu não queria mais sair, ele me disse  com todas as letras - e não é brincadeira! - que não queria me buscar na  casa dos meus pais naquele dia fatídico porque pensava que eu iria  colocá-lo para dentro de casa e apresentá-lo à toda minha família!
Meu Deus meu Deus meu Deus!
Meus  pais estavam até viajando naquele dia, e de onde é que uma criatura em seus  sentidos normais, pensa (pensa?) uma coisa dessas? Por que eu faria  isso? Apresentar uma pessoa que mal conheço à minha família? Colocar um  cara que só fala merda e com a voz do Casagrande! (nada contra o Casa  hein), para dentro da casa dos meus pais e apresentá-lo como o que?
Puta que o pariu! Ou eu perdi alguma coisa, ou o mundo está povoado de alienígenas com déficits cognitivos.
Socorro!!!
Nossssssssa!!!!!
ResponderExcluirPois é... rsrsrs
ResponderExcluirputz rose, quero dizer, alice, tá ruim a bagaça hein. parece uma amiga minha que se chama alice, quero dizer rose, rs
ResponderExcluirPutz Zigue, eu queria até ficar anônima, mas não consigo!!! É mais forte que eu!!! rsrsrs
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