quinta-feira, 3 de maio de 2012

O CASAGRANDE DO BOM RETIRO

Continuando minha série sobre relacionamentos, penso sinceramente que eu deveria construir um videoblog. Porque existem coisas que merecem ser contadas, pois são impossíveis de se escrever. Entonações de voz, nuances, são difíceis de se retratar, mas vou tentar.
Há algumas semanas conheci este rapaz, 39 anos, que me foi indicado por minha irmã. Ele havia escrito no perfil dela de um site de relacionamentos que por descuido continuava "on". E como ela já estava num relacionamento sério, me direcionou o infeliz.
Saímos.
O primeiro encontro foi ótimo, cheio de risadas e conversas light, me pareceu uma pessoa bem interessante. Ele falava com a voz do Casagrande, mas até aí ninguém é perfeito né?
Não era um rapaz bonito, meio gordo, careca, vinha de boné, pessimamente vestido, mas tem homem que é descuidado mesmo, e eu não me importo muito com isso à primeira vista. A conversa foi boa, fomos numa doceria, ele pagou a conta. Combinamos de nos encontrar novamente.
Alguns dias depois ele me liga e marcamos novo encontro. Todavia, como eu estava na casa da minha mãe, no subúrbio - uns 20 Km do centro da cidade - ele declinou do encontro e marcamos um jantar para o dia seguinte. Fomos num restaurante japonês e ele saiu reclamando um pouco da conta que tinha dado cerca de 50,00 reais para cada um.
É claro que eu acho que o homem tem de pagar a conta! Não é pelo dinheiro, mas sim pela gentileza. É o papel dele, do macho. Se bobear eu pago jantar pra ele e pra família toda em Paris, mas não acho pertinente nos primeiros encontros que se divida nada!
Também acho sinal de mau agouro quando o cara te liga no celular e pergunta qual é a sua operadora, para saber o quanto vai custar a ligação. Ou pior: pergunta se tem algum "fixo" em que possamos continuar a conversa! É o fim da picada. O prenúncio de um relacionamento destinado ao fracasso.
Mas como sempre eu ignoro os sinais. E sigo em frente. Na verdade eu não faço mais isso... mas naquela ocasião, eu ignorei bonito.
Passados mais uns dias ele me ligou para um novo encontro. Sairíamos num sábado a noite. Uau! Horário nobre! Adoro. Combinamos de nos falar após o meu trabalho de sábado para um cinema ou um jantar, e ele me ligou, em horário totalmente compatível - à tarde - de gente civilizada que quer combinar de verdade um encontro para a noite. Conversa vai e conversa vem, ele me propõe um cinema, na minha sala de cinema favorita, na Avenida Paulista! E, (descobri depois) sem ter visto nem sequer se o filme que iríamos ver estava passando lá, me propõe o seguinte (com a voz do Casão): "olha, vamos no Reserva Cultural, na Paulista, mas é o seguinte, acho melhor você ir de carro". Fiz um pequeno silêncio e perguntei "mas vamos sair sábado a noite em dois carros?" e ele logo emendou: "é porque da onde eu estou, é melhor eu pegar o metrô". Aí eu disse que ia pensar e, achando tudo aquilo muito estranho, desliguei o telefone.
Algumas horas depois ele me liga novamente e eu, que já tinha desanimado de sair com aquela magnífica proposta de divertimento, tinha ido para a casa da minha mãe, um pouco distante de São Paulo, mas perfeitamente dentro do expediente, principalmente num sábado a noite onde não há tanto trânsito para se chegar lá. E novamente com a voz do Casão: "sabe o que é 'Alicê', é que no sábado a noite tem muito trânsito, 'Alicê', onde você mora, 'Alicê', e eu não suporto ficar no trânsito, 'Alicê'"... Era isso mesmo: cada frase vinha recheada de trezentas menções ao meu nome, no início, no meio e no fim, e tudo isso com a voz do Casagrande.
Aí eu falei com toda a delicadeza que por ser mulher e estar cansada de trabalhar no sábado o dia inteiro, achava de bom tom que ele viesse sim me buscar, pois não era tão longe minha casa da dele, e perguntei - ainda com toda a delicadeza! - por que ele achava pertinente que eu ficasse no trânsito de São Paulo sozinha, dentro do meu carro, dirigindo, enquanto ele ia de metrô?. Nem cogitei o fato de que muito provavelmente EU é que o levaria para casa após o cinema (no meu carro!), fato este que estava louco para sair gritando pra fora, que nem um pinto com vontade de mijar.
Desculpe a grosseria.
Diante dos fatos e da cagada monumental que se personificou na sua forma demenciada de pensar, ele prontamente se colocou a favor de me buscar em casa. Só que aí eu estava na casa da minha mãe - só pra dificultar um pouquinho. E sábado a noite devo confessar que é muito melhor sair onde moram meus pais, não tem trânsito, nem filas, tem 2 shoppings, cinemas a vontade, e é um lugar bem bonito.
Bom, nem preciso dizer que o cara não veio né? Ele me disse no próprio sábado que só tinha vindo pra estes lados onde moram meus pais uma única vez, e que apesar de ser um lugar muito bem sinalizado e conhecido, estava com medinho de se perder, pois a única vez que ele tinha vindo aqui foi com a sua própria mãe ao volante. Como sair com a mãe dele estava fora dos meus planos, mesmo que de motorista, cancelamos tudo.
Neste dia fiz um dos programas mais legais dos últimos tempos, fui para São Paulo novamente ouvir soul music num barzinho lotado, cheio de gente bonita, na Vila Madalena. Depois, claro, voltei para a casa dos meus pais no subúrbio, o que não foi nenhum sacrifício. E dirigindo!
Como sou insistente, ainda encontrei o Casa mais uma vez. Ele foi me buscar em casa, em São Paulo, para tomarmos um café, mas olha que infelicidade: seu carro quebrou bem em frente da minha casa, me obrigando a convidá-lo para subir e fazer o café eu mesma. Aí ele veio com uma conversa assim: "vamos pro Guarujá 'Alicê'? É tão bom o Guarujá 'Alicê'! Eu fui pra lá essa fim de semana 'Alicê'! Fiquei numa hospedaria 'Alicê', muito boa 'Alicê'".
Aí eu perguntei: "mas se eu for, onde a gente vai ficar?", no que ele respondeu gaguejando "m-ma-mas o se-seu  pa-pai num tem apartamento lá?". Aí não perdi a deixa: "me-meu pa-pa-pai te-tem si-sim, e eu vou ficar lá. Quero saber na verdade onde é que VOCÊ vai ficar?".
Aí eu me pergunto: POR QUE EU NÃO PRESTO ATENÇÃO AOS SINAIS? por que insisto com coisas fadadas ao insucesso? e onde é que fabricam estes tipos de pessoas meu Deus? De duas uma: ou eu não pertenço a este planeta, ou estas pessoas definitivamente não são daqui! não é possível que exista gente assim.
E para finalizar tenho de confessar que o Casa continuou me ligando. A semana toda, mesmo eu dizendo que não queria mais sair com ele. Aí ele estava tão disposto a sair, que vinha me buscar até no inferno se eu quisesse. E quando eu comecei a enumerar os diversos motivos pelos quais eu não queria mais sair, ele me disse com todas as letras - e não é brincadeira! - que não queria me buscar na casa dos meus pais naquele dia fatídico porque pensava que eu iria colocá-lo para dentro de casa e apresentá-lo à toda minha família!
Meu Deus meu Deus meu Deus!
Meus pais estavam até viajando naquele dia, e de onde é que uma criatura em seus sentidos normais, pensa (pensa?) uma coisa dessas? Por que eu faria isso? Apresentar uma pessoa que mal conheço à minha família? Colocar um cara que só fala merda e com a voz do Casagrande! (nada contra o Casa hein), para dentro da casa dos meus pais e apresentá-lo como o que?
Puta que o pariu! Ou eu perdi alguma coisa, ou o mundo está povoado de alienígenas com déficits cognitivos.
Socorro!!!

4 comentários:

  1. putz rose, quero dizer, alice, tá ruim a bagaça hein. parece uma amiga minha que se chama alice, quero dizer rose, rs

    ResponderExcluir
  2. Putz Zigue, eu queria até ficar anônima, mas não consigo!!! É mais forte que eu!!! rsrsrs

    ResponderExcluir