segunda-feira, 4 de junho de 2012

AH, OS ARES DA MONTANHA... E O CAFÉ BRASILEIRO! - Por Guimel Mem

Gosto muito das montanhas; do ar puro, brisa agradável e tranqüilidade. Ah, os ares da montanha… Houve uma época em que vivi num lugar assim.
Esse lugar fica em uma região chamada "Montes de Judá", uma área no entorno de Jerusalém, cuja beleza reflete a santidade do local. Há inclusive uma canção religiosa, com sua frase principal extraída do Talmud (código de leis e conduta do judaísmo), que faz referência à essa área em especial; a canção diz: "Ainda escutaremos nos montes de Judá e no entorno de Jerusalém, com  toda a alegria e todo júbilo, todo noivo e toda noiva…" essa canção geralmente toca nos casamentos em Israel. Ah a poesia, ah, os ares da montanha…
Eu trabalhava como bartender, meio que responsável pelo lobby bar, em um dos hotéis dessa região, e vivia no kibutz, proprietário do mesmo. Era como um desses hotéis da serra, como em Teresópolis no Rio, Campos do Jordão em SP ou Gramado no RS. Eu estava feliz, e quando se está feliz, se faz bons amigos não é mesmo? Meu grande amigo e colega chamava-se Ítsik. 
Ítsik era membro do kibbutz e estava perto dos 50 anos de idade; era casado desde muito jovem e pai de 4 filhos. Uma pessoa sensacional! Acolhedor, amigo e um ótimo papo! Ele tinha apenas duas fraquezas, uma é que era fumante e para mim isso é uma fraqueza! A outra não me dizia respeito, já que, desejava e se esforçava para conquistar outras mulheres, se não por bom argumento, então, por melhor ainda, contratava e pagava por seus serviços… As fraquezas humanas dão cor à experiência da vida, concordam?
Penso que essa última fraqueza de meu amigo era devido ao casamento juvenil, a pouca experiência com outras mulheres e talvez também por DNA… Aqueles de vocês que gostam de ir a uma pizzaria de rodízio, entendem o que significa experimentar sabores variados em uma mesma experiência gastronômica. Eu já prefiro serviço A La Carte, escolho uma ótima pizza e degusto todos seus sabores lentamente, afinando o paladar. Rodízios, apesar da variedade oferecida, ao concluir a refeição, fica-se com a sensação desconfortável de ter comido muito e de não estar realmente saciado. Na pizza A La Carte, o sabor da mussarela é de mussarela e do manjericão, de manjericão. Mas gosto não se discute. Sim gente, já sei, alguns dirão: lamenta-se. Bem, seja como for!
Pois em uma dessas noites de inicio de primavera, já tarde da noite, eu fechei o bar e fiquei conversando com meu amigo já que ele estava trabalhando como auditor noturno (o computador faz praticamente tudo, só tem que apertar uns botões de vez em quando); e ele me disse que não teria movimento aquela noite no hotel. Esperava somente duas turistas da Holanda que deveriam chegar perto da uma da manhã. Elas eram funcionárias da HP. A loira mais alta era gerente de relacionamentos da empresa. Vou chamá-la de Zwolle, já que esse é o nome de uma cidade na Holanda e o nome dela não era mais fácil que isso! Seguimos conversando, trocando idéias, bebendo um chá com hortelã e Ítsik me convida para ficar mais tempo lá com ele, que talvez as turistas quisessem beber algo antes de se recolherem ao quarto e que se fossem bonitas, quem sabe, poderíamos oferecer algo mais… me entendem?
Uma e meia da manhã chega o táxi com as duas moças. Boa noite! Vocês fizeram boa viagem? Ah que bom! Imagino que em Amsterdã esteja mais frio que aqui etc. etc. Vocês gostariam de beber algo para relaxar da viagem? O bar está fechado, mas podemos abrir e oferecer a vocês uma bebidinha antes de irem dormir. É mesmo? Que simpático… bem, vamos aceitar então!
Pronto, isca lançada e fisgada, sentamo-nos os quatro no lobby e começamos a beber um vinho e jogar conversa fora. Meu amigo já estava em ponto de bala! Emocionado com o sucesso da operação! É hoje, pensava‼ Fomos para a segunda garrafa, e ninguém dando sinais de cansaço; experimentamos também um licor israelense e depois um choppinho em cima, já que não gostamos de ficar com aquele gosto muito doce na boca. Meu amigo já impaciente com toda essa demora, teve uma idéia brilhante! Que tal um banho de piscina agora? São mais de três da madrugada e ninguém vai nos ver! Todos adoraram a idéia. Então fomos para a piscina naquele friozinho da madrugada, água gelada etc. A primeira moça tirou a roupa e ficou apenas de calcinha e sutiã, atirou-se na piscina; eu mais do que depressa fiquei só de cueca e tchibum, entrei também. Meu amigo se acovardou do frio e resolveu não entrar. A outra moça, uma loira alta e bonita, também não quis entrar na piscina…
Voltamos todos ao lobby e tomamos mais vinho; uma saidera, entendem? Mas as coisas estavam devagar… acho que elas eram muito resistentes ao álcool… nessa altura do campeonato, meu amigo já havia praticamente desistido, já que todos conversávamos alegremente e obviamente insinuávamos que as coisas poderiam ficar inclusive mais divertidas etc. Elas conseguiam contornar a situação com elegância.
Já eram mais de quatro da manhã, os estoques de bebida já haviam baixado e estava na hora de uma atitude tipo: Ou dá ou desce! Afinal, todos já davam sinais de cansaço e tínhamos que ir cuidar de nossas vidas, não?
Então, eu tive a infalível idéia de convidar aquela moça loira, alta e bonita, gerente de relacionamentos da HP, já que ela era a mais comunicativa e me dava bola, para tomarmos um café brasileiro em minha casa, antes de irmos dormir. Minha casa era um bangalô estilo canadense, que ficava a poucos metros do hotel. Ela prontamente aceitou, enquanto a outra foi para seu quarto de hotel e meu amigo, muito frustrado com o resumo da noite, voltou à recepção. Afinal de contas a idéia e entusiasmo eram dele! E eu fiquei lá só para dar um suporte a ele. Mas a vida tem dessas coisas… Enfim…
Chegamos no meu bangalô e fomos diretamente para a cama. Rápido? Como, rápido? Estávamos desde a uma meia da manhã nesse chove não molha! 
Beijos para cá, beijos para lá, toques, carícias e estávamos eu só de cueca e ela de calcinha. Pega aqui, pega ali, aperta lá eu tento tirar a calcinha dela… ela resiste, diz que ainda não, que não queria… e eu pensando que fazia parte do joguinho, então continuei jogando, claro! De repente ela me diz: "Don't be so gentle with my teats!". Entenderam? Se vocês não entenderam, tenho um amigo que é ótimo professor de inglês e cobra apenas 70 reais por hora e… PÁRA‼! Isso aqui não é lugar para fazer merchandising‼ Aqui não é a Casas Bahia, viu? Pronto! Voltemos ao assunto que nos trás aqui hoje! Meu amigo professor me disse que a frase acima significa: não seja tão gentil com minhas tetas! O que que  é isso minha gente! Não ser muito gentil com… pode? Mas como naquela época eu atuava no ramo hoteleiro e talvez devido aos
diversos workshops a respeito de qualidade no atendimento, afinal, algo tinha entrado na minha cabeça dura; a cabeça pensante, fica claro! Então, atendi minha hóspede conforme sua vontade… entrementes, tentava tirar a calcinha dela, já que por enquanto parecia que só um dos jogadores estava ganhando, mas minha amiga não concordava… e assim foi até quase seis horas da manhã. Ela então decidiu ir dormir o restinho da noite em seu quarto de hotel, para que sua amiga não percebesse que ela havia se ausentado a noite toda. Na tarde seguinte, antes de fazer check-out ela veio ao bar tomar um café cortado. Meu café cortado era excelente; adoro café e preparava com muito gosto; além do que, era café Illy, meu favorito e… PÁRA‼ Já disse que comercial, não‼ Ok! Esqueci! Tomara que não esteja ficando com Alzeihmer, afinal, ainda tenho muito que contar…
Contei isso ao meu amigo, que ria sem parar. Fazíamos conjecturas do por quê ela não havia entrado na piscina e por que não quis tirar a calcinha… Seria medo de gripar-se? Teria alguma doença? Estaria menstruada? Quem sabe, preocupava-se com o corte de cabelo… vocês sabem como as mulheres se preocupam com o cabelo, não? Sei lá… o que sei é que até hoje não faço a mínima idéia da razão de sua atitude. Alguém arrisca um palpite?
Ainda bem que ninguém passou mal do café brasileiro servido em meu bangalô, afinal de contas, não ficaria bem para a imagem desse produto nacional tão amado pela população mundial; ainda mais em uma montanha tão linda, cheia de poesia e história. Um bom café quente tem seu valor, em uma noite fria nas montanhas! Não acham?

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